As mãos atadas atrás das costas com fita adesiva denunciam que foram mantidos como reféns. Os tiros na zona dos joelhos evidenciam tortura. As marcas da guerra em Bucha continuam a chocar. Foi neste estado que trabalhadores encontraram os restos mortais de mais sete civis, vítimas do ataque da Rússia à Ucrânia, adiantou na segunda-feira Andriy Nebytov, chefe da polícia de Kiev. Estavam em mais numa vala comum numa floresta perto da vila de Myrotske descoberta depois de, em abril, terem sido reveladas imagens daquilo que foi descrito como um genocídio na cidade junto da capital ucraniana.
A descoberta foi feita por trabalhadores que exumavam corpos de uma outra vala comum na mesma floresta. A morte dos civis está já a ser investigada pelo Departamento do Distrito de Bucha da Polícia Nacional na região de Kiev, diz a CNN.
“Os tiros nos joelhos dizem-nos que as pessoas foram torturadas”, adiantou à agência AFP o chefe da polícia de Kiev. “As mãos amarradas nas costas com fita adesiva dizem que as pessoas foram mantidas como reféns durante muito tempo e que as forças inimigas tentaram obter qualquer informação delas”, acrescenta.
A descoberta desta nova vala comum surge um dia depois de anunciada a abertura de investigações criminais relativas à morte de mais de 12 mil ucranianos, muitos deles encontrados nas mesmas condições, nas ruas e em casas. Igor Klimenko, chefe da polícia ucraniana, fala em assassinatos em massa, não chegando a especificar quantos destes corpos são de civis e quantos são de militares.
Desde que os russos abandonaram esta região da Ucrânia, foram já descobertos 1.316 corpos de vítimas da guerra, muitas delas enterradas em valas comuns na floresta. Só numa das valas, estavam os corpos de 116 pessoas. Algumas destas sepulturas são resultado do trabalho dos moradores, que recolheram cadáveres e os enterraram em parques próximos.
Ucrânia: 412 corpos exumados e recolhidos em Bucha, na sequência de massacre russo
Na segunda-feira, 13 de agosto, o chefe da polícia ucraniana explicou à Interfax que falta ainda identificar o corpo de 1.200 civis. “Selecionamos o DNA dos familiares que nos contactaram pela linha direta e comparamos os perfis desses familiares com os perfis dos mortos, enterrados, baleados, que não puderam ser identificados”, explicou, acrescentando tratar-se de um processo “longo” e “meticuloso”, considerando que muitos dos corpos estão em estado de decomposição.”