Atualizado às 23.14 de domingo com informação sobre a Áustria.

A Alemanha anunciou novas medidas para responder à redução do fluxo de gás enviado pela Rússia através do Nordstream que incluem o aumento do nível de armazenamento, mas também o regresso ao uso do carvão para produzir eletricidade.

As ações surgem já a pensar no próximo inverno, na sequência de a Gazprom, gigante de energia russa, ter ameaçado cortar drasticamente o fornecimento de gás aos países da Europa. Desde o início das sanções contra a Rússia, que as exportações de gás russo para a Europa estão em baixa constante.

Segundo o Ministério da Economia alemão, as novas medidas incluem uma maior aposta em centrais a carvão, bem como um sistema de leilão para incentivar a indústria a gastar menos gás, de forma a que este possa ser depois armazenado, diz a Reuters.

Também a vizinha Áustria anunciou que está a preparar a reativação da produção elétrica a partir de carvão para responder à interrupção da chegada de gás russo. O chanceler austríaco, citado pelo jornal The Guardian, anunciou que o Governo vai trabalhar com o grupo Verbund, o maior produtor de energia, para retomar a produção na central na cidade de Mellach. A central de Mellach foi a última unidade a carvão a operar na Áustria, tendo encerrado na primavera de 2020 no quadro da política de mudança para as energias renováveis.

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O anúncio de Karl Nehammer foi feito após uma reunião de crise do governo austríaco onde foi decidido reabilitar a capacidade de geração de eletricidade a partir do carvão em caso de emergência. O processo de reposição da central vai demorar meses. A Áustria recebe cerca de 80% do gás da Rússia e vai também tentar reforçar o armazenamento.

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“Para reduzir o consumo de gás, menos gás deverá ser usado para gerar eletricidade. As centrais a carvão terão que ser mais usadas”, disse o Ministério da Economia alemão. Robert Habeck, ministro de Assuntos Económicos e Ação Climática, admitiu que retomar a produção das centrais a carvão, mais poluentes, é “doloroso, mas é uma necessidade absoluta para reduzir o consumo de gás”. O político alemão é membro do Partido Os Verdes que tradicionalmente defende o fim do uso do carvão para gerar eletricidade, uma tecnologia que é grande emissora de CO2.

De acordo com Habeck, as centrais a carvão podem acrescentar 10 gigawatts de capacidade de geração de eletricidade no caso de se verificar uma situação crítica no abastecimento de gás ao país. A medida será submetida ao parlamento alemão a 8 de julho.

A Reuters avança ainda que as medidas incluem ainda 15 mil milhões de euros em linhas de crédito para a operadora do mercado de gás da Alemanha, de forma a encher instalações de armazenamento de gás mais rapidamente, disse uma fonte do governo, que preferiu manter o anonimato.

Para fazer face à dependência de Moscovo no fornecimento de gás, a Alemanha tem, desde o início da guerra, feito um esforço no sentido de encher suas instalações de armazenamento de gás, com o objetivo de, gradualmente, eliminar as importações de energia à Rússia. “As instalações de armazenamento de gás devem ser preenchidas até o inverno. Essa é a principal prioridade”, disse Habeck, membro do Partido Verde — referindo metas de níveis de armazenamento de 80% até outubro e 90% até novembro.