Loretta Mester, presidente da Fed de Cleveland e membro do comité da Reserva Federal norte-americana, admite que serão precisos “dois anos” até a economia norte-americana conseguir chegar à meta de 2% de inflação.

Loretta Mester, presidente da Fed de Cleveland, traça em entrevista à estação televisiva CBS um retrato sobre as movimentações do banco central norte-americano para conter a inflação galopante.

Reserva Federal dos EUA sobe taxa de juro em 75 pontos e sinaliza subidas mais rápidas nos próximos meses

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Esta semana, o líder da Fed, Jerome Powell, anunciou uma expressiva subida de 75 pontos base das taxas de juro, para um intervalo entre 1,5% e 1,75%. Naquela que foi a subida mais acentuada desde 1994, Powell garantiu ter um “compromisso forte” com a descida da taxa de inflação para a tão ambicionada marca dos 2%. Em maio, a taxa de inflação nos EUA fixou-se em 8,6%.

Na entrevista à cadeia americana, Mester revelou que “vai demorar algum tempo até a inflação voltar aos 2%”, explicando que a Fed estará a olhar atentamente para as variações mensais na taxa de inflação na maior economia do mundo.

“Não vai ser de forma imediata que vamos ver a inflação nos 2%. Vai demorar dois anos, mas começará a descer”, disse na entrevista deste domingo. “Precisamos de ter provas concretas de que a inflação está a descer”, alertou.

Respondendo às críticas sobre a subida de 75 pontos base das taxas de juro, especificamente a Esther George, da Fed de Kansas City, que apontou para uma subida demasiado rápida, Mester classificou as declarações como “uma visão alternativa”, mas “não diz que Esther esteja errada”. “Sinalizámos que pensávamos que uma subida de 50 [pontos base] era apropriada, mas agora temos novos dados. E também dissemos que temos de ser ágeis neste período de incerteza.”

Esta responsável  acrescentou também que “quando vemos os dados a avançar na direção errada ou a ter informação sobre as expectativas da inflação, não a curto prazo, mas a longo prazo, que eram convincentes de que era mais apropriado ter uma subir maior do que estava anteriormente sinalizado”.

Mester garantiu “que não está a prever uma recessão”, citando o abrandamento da procura, que na sua ótica  estava a ser excessiva e que está agora ajustar-se mais à oferta disponível, e os números do emprego como fatores que estão a demonstrar que a economia americana continua a mexer.

No que toca à confiança dos consumidores, Mester enumerou outros fatores que estão a ter impacto, além da política monetária norte-americana, referindo o tema da guerra na Ucrânia. “Há mais coisas a acontecer, mas na Fed estamos muito empenhados a usar as ferramentas ao nosso dispor” na tentativa de conter a inflação.

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