O ano de 2022 deverá ser um ano de “forte convergência com a União Europeia”, mas “2023 será um ano mais difícil“, desde logo devido à incerteza geopolítica internacional, afirmou esta segunda-feira o ministro da Economia. António Costa e Silva acrescenta, porém, que pode haver fenómenos de “relocalização” de empresas que podem trazer “oportunidades” para Portugal, mesmo com o ministro a reconhecer que Portugal “não é competitivo” em matéria fiscal, em comparação com países como a Irlanda. Mas Portugal tem outras vantagens e, além disso, “a questão fiscal é uma questão que está a ser tratada“.

Mostrando satisfação em relação ao crescimento do primeiro trimestre em 2022, o ministro da Economia diz que “o segundo trimestre também vai ser bom… creio que o terceiro vai ser também alinhado embora já a abrandar, o último vai ser diferente“. António Costa e Silva, que falava, esta segunda-feira, numa conferência organizada em Lisboa pela CNN Portugal.

A partir daquilo que é possível prever hoje, António Costa e Silva afirma que “2023 vai ser mais difícil” – “não podemos esquecer a incerteza geopolítica” associada à “nova era geopolítica” que se inaugurou a 24 de fevereiro de 2022, com a invasão russa da Ucrânia. Esse processo poderá gerar algumas “oportunidades” para Portugal, já que “vamos ter relocalizações de grandes empresas” que estão em geografias mais longínquas.

Mas como é que se vai convencer essas empresas a vir para Portugal, dada a falta de competitividade fiscal em comparação com países como a Irlanda? “Nesse aspeto não somos competitivos mas temos muitos outros fatores“, designadamente os ligados à inovação, diz o ministro.

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De qualquer forma, António Costa e Silva diz que “há claramente no programa de Governo a redução diferencial de IRC e vamos fazer isso, para as empresas que investem nas empresas, que reinvestem os lucros” – “temos de simplificar a carga fiscal“, reconhece, notando que Portugal tem “problemas graves” como a falta de capitalização das empresas e o nível elevado da dívida pública.

Banco de Fomento tem “dores de parto” mas “irá ter sucesso”

Sendo a falta de capitalização das empresas um dos “problemas muito graves” identificados pelo ministro da Economia, António Costa e Silva afirma que o Banco de Fomento “irá ter sucesso” a ajudar na solução para esse problema.

Numa altura em que a instituição continua sem nomear um presidente do conselho de administração – desde que a nomeação do ex-administrador do Novo Banco Vítor Fernandes ter sido suspensa – António Costa e Silva reconhece que a instituição tem tido “dores de parto” que, no entanto, se têm arrastado “nós ultimos anos” por fatores como a pandemia.

Desde julho de 2021 que o Governo mantém suspensa a nomeação de um presidente de conselho de administração do Banco de Fomento, devido ao envolvimento de Vítor Fernandes na investigação da “Operação Cartão Vermelho”, que envolve também o ex-presidente do SL Benfica Luís Filipe Vieira. A nomeação de Vítor Fernandes tinha sido anunciada ainda pela mão do ex-ministro Pedro Siza Vieira, que suspendeu esse processo em julho de 2021.