O centro de segurança de Orbassano, nas imediações de Turim, em Itália, e o túnel de vento de Auburn Hills, no estado norte-americano do Michigan, receberam investimentos na ordem de 33 milhões de euros, com o intuito de dotar estes centros de testes com a maquinaria, a tecnologia e as instalações mais apropriadas para desenvolver os futuros modelos da Stellantis, grupo que integra 14 marcas.

O esforço financeiro visa, conforme refere o director de Engenharia do grupo, Harald Wester, capacitar estes dois pólos de modo a que “os veículos da Stellantis do futuro sejam líderes da indústria em termos de capacidade, desempenho e segurança”. Ora, como a mobilidade do futuro vai ser (garantidamente) eléctrica e autónoma, a Stellantis concentra-se em apurar a aerodinâmica, elemento crucial para favorecer a autonomia entre recargas, e foca-se no domínio da segurança, o derradeiro desafio no desenvolvimento das tecnologias de condução autónoma.

Sendo um requisito transversal a qualquer tipo de veículo, independentemente da motorização, a segurança levou a Stellantis a alocar 5 milhões de euros para as suas instalações em Orbassano, onde os veículos testados “podem ser certificados em termos de cumprimento de mais de 175 normas internacionais de segurança e tecnológicas”. Capaz de fazer testes de colisão de impacto frontal, lateral e até o chamado small overlap, com impacto do lado do passageiro, o pólo italiano monta uma série de câmaras na pista de testes e nos veículos “sacrificados”, de modo a recolher imagens e a combiná-las com os dados recolhidos, informação essa que depois vale “ouro”, pois é partilhada com os restantes centros de segurança da Stellantis instalados nos EUA (Chelsea), Brasil (Betim) e França (Belchamp), o que permite às equipas de engenharia “afinar” digitalmente o desenvolvimento de veículos.

No centro de segurança de Orbassano testa-se qualquer tipo de veículo electrificado. Por dia, são aí realizados pelo menos dois crash-tests

O grupo liderado pelo português Carlos Tavares garante que o centro de testes de Orbassano permite cobrir “praticamente todos os cenários de colisão possíveis”, inclusivamente o choque contra peões ou o capotamento do veículo com o esmagamento do tejadilho. Outra área em que o pólo italiano já está de olhos postos no futuro diz respeito à robustez do interior, antecipando novas configurações na disposição dos bancos com o avanço da condução autónoma. Daí que “os testes aos bancos e aos interiores se tornem cada vez mais críticos”.

Mas, do “bolo” de 33 milhões de investimento, a maior fatia vai ser consumida do outro lado do Atlântico, para materializar em 2024 uma estrada que é percorrida com os veículos de teste… parados. Confuso? O centro de testes aerodinâmicos do Michigan é capaz de gerar ventos de até 240 km/h, mas as medições vão tornar-se mais precisas com a adição dessa tal “estrada”. Na prática, trata-se de um projecto que combina quatro tapetes rolantes que permitem o movimento das rodas e um quinto, sob o veículo, que simula o seu andamento em estrada. Graças a esta “tecnologia de movimento ao nível do solo”, o complexo de Auburn Hills vai conseguir medir as perdas aerodinâmicas provocado pelo movimento das jantes e dos pneus, factor que “representa até 10% do total de resistência aerodinâmica” em contexto real de utilização.

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