Foi na assembleia da Junta de Freguesia de Arroios, dirigida pela presidente Madalena Natividade, que esta segunda-feira, 27 de junho, alguns dos empresários da restauração com negócios nesta zona de Lisboa ficaram a saber: as 43 esplanadas de cariz excecional em lugar de estacionamento, autorizadas pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) de forma a mitigar as circunstâncias impostas pela pandemia, vão poder manter-se até 31 de dezembro. Foi este o prazo estabelecido pela CML e que, contra a vontade dos empresários, havia sido antecipado para setembro apenas por esta junta de freguesia.

E sabe-se agora que algumas destas esplanadas poderão mesmo manter-se após o prazo. Tudo depende do resultado da avaliação: “Até 31 de dezembro, e em sintonia com a CML, vamos estudar o caso de cada uma das esplanadas dos 43 estabelecimentos”, explica a Junta de Freguesia ao Observador, que adianta, em comunicado, que estes sítios exteriores dos estabelecimentos ocupam “lugares de estacionamento de moradores, trabalhadores e visitantes”.

Além do estacionamento, a decisão sobre a antecipação do prazo do fim das esplanadas de cariz excecional em Arroios partiu também das queixas dos moradores em relação ao ruído: “Com o aligeirar da situação pandémica, foram-se acumulando junto dos nossos serviços as reclamações de moradores da zona. As reclamações dos moradores prendem-se com questões de ruído – por vezes até às 3 e 4 da manhã mesmo por baixo das suas casas  — e com as questões de muitas vezes terem de deixar as suas viaturas estacionadas em freguesias vizinhas por não terem lugar de estacionamento ao pé de casa”.

Arroios quer devolver o estacionamento aos moradores. O que vai acontecer às esplanadas de Lisboa?

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A questão do barulho será um dos principais “ponto de análise” na avaliação realizada pela junta e pela CML. Aqui, caso a caso, será necessário “contrabalançar” o interesse de todos. “Os moradores têm, em muitos casos, ruído durante a noite, onde antes não havia. Já os comerciantes procuram rentabilidade e, muitas vezes, a sobrevivência do seu negócio.”

A Junta de Freguesia de Arroios reconhece o impacto das esplanadas na vida dos moradores, mas considera também as consequências que a sua eliminação pode ter no negócio dos empresários da restauração. “Os comerciantes também têm vindo a reclamar em relação ao prazo de retirada das tais esplanadas dos espaços de estacionamento, pretendendo a sua continuação para lá do estabelecido pela medida excecional decretada pela CML, sendo que desejam a manutenção da ocupação do espaço de estacionamento, devido a questões de rentabilidade dos seus estabelecimentos, pessoal extra contratado e, por vezes, a própria sobrevivência do negócio.”

Do lado dos estabelecimentos e do lado dos moradores há argumentos para manter e retirar as esplanadas. Argumentos esses que foram expostos em petições publicas distintas: “Existem já petições públicas com centenas de proponentes, umas a pedir a continuação das esplanadas e outras a pedir a sua imediata remoção”, relata a junta. Além disso, fala ainda de uma “‘batalha campal’ nas redes sociais (locais sempre muito propícios a estas coisas), onde se digladiam diariamente argumentos pró e contra.”

Na freguesia de Arroios existem 49 esplanadas em lugar de estacionamento, 43 das quais foram atribuídas pela CML a título excecional devido à Covid-19.