No último dia da cimeira da NATO, os líderes da Aliança Atlântica voltaram a repetir o que têm dito nos últimos dias: deixaram avisos à Rússia e falaram sobre a segurança no espaço europeu, numa clara aposta na Defesa de cada Estado aliado e, claro, da Ucrânia. António Costa anunciou que alcançar os 2% do PIB para a Defesa é um objetivo que o Governo pretende alcançar ainda esta década e Joe Biden garantiu que a NATO vai defender “cada centímetro” do seu território.

O presidente norte-americano foi o último a falar na conferência de imprensa, deixando a promessa de que os Estados Unidos vão entregar mais de 800 milhões de dólares em armas à Ucrânia já nos próximos dias. O apoio será dado “durante o tempo que for necessário” e os Estados Unidos deverão detalhar em breve quais as armas e sistemas de defesa que vão enviar para o território ucraniano.

A guerra não vai terminar com a vitória da Rússia sobre a Ucrânia.”

Biden recordou ainda o momento em que avisou Putin sobre as consequências de uma eventual invasão à Ucrânia, mesmo antes de o Kremlin ter enviado as suas tropas para território ucraniano, a 24 de fevereiro. “Se ele invadisse a Ucrânia, a NATO não só ficaria mais forte, como se uniria”, declarou então. Agora, referiu, a sua previsão “é exatamente o que está a acontecer”. Uma das consequências da guerra são precisamente as sanções aplicadas à Rússia e Biden deixou isso muito claro: “Não podem manter a produção de petróleo, porque não têm acesso à tecnologia necessária. Estão a pagar um preço muito alto”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Finlândia e Suécia receberam “luz verde” de Erdogan para entrar na NATO. Mas no que tiveram de ceder?

Minutos antes do anúncio do apoio dos Estados Unidos à Ucrânia, Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, fez outro anúncio: a Suécia e a Finlândia deverão assinar o pedido de adesão à NATO na próxima terça-feira, uma semana após a assinatura do memorando entre estes dois países e a Turquia. “O mais importante para nós é que a Finlândia e a Suécia se tornem membros da Aliança.  Estamos cá para proteger todos os Aliados e, como é óbvio, também a Finlândia e a Suécia. E estaremos prontos para todas as eventualidades“, acrescentou.

“Situação de segurança mais grave das últimas décadas”

Jens Stoltenberg reconheceu que, neste momento, é necessário reforçar a Defesa de todos os países da NATO, já que esta é a “situação de segurança mais grave das últimas décadas”. E a ajuda à Ucrânia passará por garantir que é feita “a transição do antigo equipamento da era soviética para o moderno equipamento padrão da NATO“.

Além do apoio anunciado pelos Estados Unidos à Ucrânia, também França e o Reino Unido garantiram que chegará ajuda a este país. O Reino Unido vai enviar defesa aérea, equipamento de guerra eletrónica e drones e, do lado de França, serão enviados seis sistemas de artilharia francês, conhecido como Caeser — Camiões Equipados com Sistema de Artilharia.

Rússia vai ter a NATO à porta. E agora?

Durante o encontro, os países concordaram no reforço do orçamento financiado pela NATO para reforçar a própria Defesa. “Há um aumento significativo e considerável no orçamento comum financiado pela NATO e um plano definido para 2030”, esclareceu.

No caso especifico de Portugal, António Costa esclareceu que o país vai conseguir antecipar as metas que inicialmente estavam definidas para 2024 e garantir que no próximo ano 1,66% do orçamento do PIB vai diretamente para a Defesa. Aliás, o primeiro-ministro apontou este encontro que durou quatro dias como um momento “particularmente histórico”, já que “pela primeira vez, houve uma reunião entre a NATO e a União Europeia”.

Rússia não tem de cumprir decisões do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, avisa Kremlin

A questão da exportação de cereais da Ucrânia foi outro ponto de discussão nesta quinta-feira, com o secretário-geral da NATO a dizer que os Aliados discutiram formas de diminuir os impactos da crise provocada pela invasão da Rússia à Ucrânia e de “tirar grãos da Ucrânia, por terra e por mar”.