Nem para bodas nem para batizados — quanto mais para almoços. Marcelo Rebelo de Sousa diz que não se faz de convidado e que Bolsonaro ter cancelado um almoço entre chefes de Estado em Brasília, na sequência da confirmação de um outro encontro do Presidente português com Lula da Silva em São Paulo, não é nenhum incidente diplomático. “Não é possível o almoço? Ninguém morre”.

Nós em Portugal temos uma frase: ninguém deve fazer-se de convidado nem para boda, nem para batizado”, afirmou o Presidente da República português, em declarações aos jornalistas no aeroporto de Lisboa, antes de embarcar para o Brasil esta sexta-feira à noite.

Questionado pelos jornalistas sobre o cancelamento do encontro com Bolsonaro, confirmado pelo próprio Presidente brasileiro, Marcelo começou por contar: “O senhor Presidente da República Federativa do Brasil teve a gentileza de, sabendo que havia esta viagem, insistir muito para me convidar a ir a Brasília“.

O almoço entre Presidentes em Brasília “criava um problema de transporte”, explicava Marcelo, revelando que Bolsonaro pusera até à disposição da comitiva do Chefe de Estado português “uma aeronave da Força Aérea Brasileira”, para transportar o PR português e os seus convidados para outra cidade brasileira. “A saída [para Portugal] teria depois de ser por outra grande cidade brasileira, provavelmente o Recife”.

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Fazendo questão de repetir inúmeras vezes que fora Bolsonaro que inicialmente o convidara para um encontro, o Presidente da República acrescentava que “quem convida para almoçar é que decide se quer almoçar ou não, em que termos quer almoçar ou não e se faz questão de manter o almoço”.

Sem nunca se referir diretamente a Lula da Silva, com quem tem um encontro agendado para este domingo, Marcelo — que deverá estar também com Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso nesta visita ao Brasil — apontou: “Quando estive cá no ano passado, estive também em São Paulo. E em São Paulo tive contactos com antigos chefes de Estado brasileiros. No caso de três desses antigos chefes de Estado, combinámos que se viesse cá volvidos uns meses voltaríamos a encontrar-nos”.

Há um ano, depois desse encontro, o Presidente brasileiro convidou-me para almoçar. Para mim é muito simples: há um paralelo total de situações, são três antigos Presidentes brasileiros, são personalidades que por si próprios marcaram muito as relações Portugal-Brasil”, defendeu Marcelo.

O Presidente da República português garantiu ainda que parte para o Brasil “com a mesma disposição que tinha ontem, anteontem, transanteontem“. Acrescentou: “Nem sou eu que me convido a mim próprio, nem sou eu que me desconvido depois de ter sido convidado”. E rematou: “Eu respeito que quem convida deixe de convidar, pelas razões que queira. Pode ser doença, pode ser inoportunidade pessoal, pode ser inoportunidade política. Não é um drama”.