“Vivo como Putin e [Dmitry] Medvedev”. A autoria da frase é inesperada: foi escrita por Alexei Navalny, um dos rostos mais conhecidos da oposição ao Presidente russo, que vive neste momento numa prisão de alta segurança — a prisão de Melekhovo, famosa por relatos de atos de tortura.

A afirmação foi feita numa série de tweets publicados na conta oficial de Navalny nesta rede social. Desde que está preso, a sua conta tem vindo a ser atualizada com declarações na primeira pessoa, transmitidas pelo opositor político russo aos seus advogados.

Os pontos de contacto entre a vida atual de Navalny, detido na prisão, e Putin são detalhados nesta série de tweets publicados esta sexta-feira. “É o que penso quando olho para a cerca que rodeia o meu quartel“, lê-se numa das mensagens. “Toda a gente tem a cerca normal. Mas eu tenho uma de seis metros de altura, um tipo de cerca que só vi nas nossas investigações sobre os palácios de Putin e Medvedev”.

Putin não só vive como trabalha num sítio assim — em Novo-Ogaryovo ou Sochi. E eu vivo num sítio semelhante”, afirmou Navalny.

O opositor do Kremlin prossegue com as comparações, nas mensagens publicadas: “Putin tem ministros em sala de espera durante seis horas, os meus advogados têm de esperar cinco ou seis horas para me verem. Tenho um altifalante no meu quartel que toca canções como ‘Glória à FSB [agência russa que substituiu o KGB] e penso que o Putin também o terá. Porém, é aqui que acabam as semelhanças” entre as vidas de um e outro, defende Navalny.

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Quanto às diferenças de estilo de vida, Navalny aponta que Putin “dorme até às dez da manhã”, enquanto para si “dez da manhã é hora de almoço, porque começo a trabalhar às 6h40”. Além de dar detalhes sobre toda a sua rotina na prisão de alta segurança de Melekhovo, o opositor político escreve explicitamente que depois do trabalho tem de se sentar “algumas horas num banco de madeira, por baixo de um retrato de Putin”. São “atividades disciplinadoras”, segundo Navalny, que tem de cumprir quer durante os dias úteis quer aos sábados.

Navalny, o “indesejável número 1” do Kremlin. O que vai acontecer ao principal opositor russo de quem Putin recusa dizer o nome