A República Democrática do Congo (RDCongo) anunciou esta sexta-feira ter matado 27 membros do grupo rebelde M23 e soldados ruandeses, em combate no nordeste do país, onde nas últimas semanas aquele movimento ampliou o seu controlo em várias áreas.

O inimigo foi derrotado. Constatámos 27 elementos neutralizados do lado do exército ruandês e do M23“, disse um porta-voz do Exército na província de Kivu do Norte, tenente-coronel Guillaume Ndjike Kaïko, citado pela órgão da RDCongo 7SUR7.CD.

O oficial acrescentou que foram recuperadas várias armas, incluindo cinco do tipo AK-47, bem como produtos farmacêuticos, um rádio Motorola, capacetes e outros itens militares fabricados no Ruanda”.

Estes combates decorreram entre 30 de junho e esta sexta-feira na aldeia de Ntamugenga, localizada no território de Rutshuru, na província de Kivu do Norte, depois de o Exército da RDCongo ter anunciado em 29 de junho que tinha derrotado os rebeldes em várias localidades.

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Desde março passado, os rebeldes do M23 desenvolvem uma forte ofensiva contra as posições do Exército da RDCongo na província de Kivu do Norte.

Em 13 de junho, o M23 tomou a estratégica cidade de Bunagana, um importante centro de comércio e trânsito de camiões na fronteira entre a RDCongo e o Uganda, cujo controlo ainda mantém.

Combates violentos no leste da RDCongo entre forças governamentais e M23

Os combates do M23 também geraram uma escalada das tensões diplomáticas entre Ruanda e a RDCongo, já que Kinshasa acusa o Exército ruandês de colaborar com os rebeldes, o que Kigali tem reiteradamente negado.

O porta-voz da missão de paz da ONU na RDCongo (MONUSCO), Frederic Harvey, sublinhou que, neste momento, “não se conhece nenhuma confirmação factual” da colaboração do Ruanda com o M23.

O M23 foi fundado no início de 2012 como uma fação do antigo Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), um grupo de rebeldes principalmente de origem ruandesa que lutou contra as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR) em território da RDCongo.

A FDLR, por sua vez, foi formada em 2000 por alguns cabecilhas do genocídio ruandês de 1994 e outros ruandeses exilados na vizinha RDCongo com o objetivo de recuperar o poder político no seu país de origem.

O leste da RDCongo é palco de um conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do Exército há mais de duas décadas, apesar da presença da MONUSCO, com mais de 14.000 “capacetes azuis”.