“Soberania emocional”. É deste ingrediente que a Ucrânia precisa, diz o Presidente do país, Volodymyr Zelensky, precisamente no dia em que se celebram 32 anos desde que foi assinada a declaração de soberania da Ucrânia. E porquê? Porque a vitória também depende da capacidade dos ucranianos de não acreditarem “no jogo mediático contra a Ucrânia”, em informações falsas espalhadas pela Rússia e, no geral, no que diz ser “um terror mediático“.

Na sua habitual declaração ao país, na noite deste sábado, Zelensky usou a História que levou à independência da Ucrânia para lembrar que hoje há mais informação a circular — e mais perigos decorrentes disto também. “Nunca no passado dependemos tanto da capacidade dos ucranianos para terem muito cuidado e estarem vigilantes no campo da informação”. A referência é também, mas não só, a uma notícia falsa sobre um ataque russo com um míssil que terá circulado durante este sábado.

O resultado, diz Zelensky, são “muitas dores de cabeça” que são provocadas “pela produção de histórias de terror de propagandistas e autoridades russas”, mas também problemas que “os ucranianos criam a si próprios” por acreditarem em qualquer fonte anónima. O propósito destas, insiste, será apenas um: “Acrescentar terror mediático ao terror dos mísseis e da artilharia contra o nosso país”.

Daí que seja necessária a tal “soberania emocional”: “Para não dependermos do que o inimigo lança constantemente contra nós. Não jogarmos o jogo mediático contra a Ucrânia” — até porque, reconhece, por vezes as “armas mediáticas” conseguem fazer mais do que as “armas convencionais”.

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Contra essas a Ucrânia consegue lutar, diz Zelensky, nos habituais trechos mais motivacionais do discurso, particularmente enfatizados hoje por ser um dia que marca a história da independência do país. “É óbvio que quaisquer mísseis e artilharia da Rússia não vão conseguir quebrar a nossa união e tirar-nos do nosso caminho. E devia ser igualmente óbvio que a união ucraniana não pode ser quebrada com mentiras ou intimidação, informação falsa ou teorias da conspiração”.

Sobre o dia histórico para a Ucrânia, Zelensky recorda que este texto, que estabelece a soberania daquele estado após o fim da União Soviética, foi “revolucionário” na altura e serviu de base à declaração de independência do país.

Esta memória traz mais um aviso para os próprios ucranianos: se é verdade que a Ucrânia está a conseguir manter essa união interna e superou “conflitos e contradições” internos que já a prejudicaram no passado, os ucranianos têm agora de “recordar o custo de erros e discórdia” que gerações passadas cometeram. Agora, com a dificuldade adicional da informação que circula — verdadeira ou não — e do plano mediático em que a guerra também se faz.