O Geranium, do chef Rasmus Kofoed, em Copenhaga, foi coroado o novo melhor restaurante do mundo segundo a prestigiada listagem “The World’s 50 Best Restaurants”. Na cerimónia realizada esta segunda-feira, em Londres, confirmou-se também uma nova presença do português Belcanto, do chef José Avilez, neste que é um dos mais prestigiados galardões internacionais de gastronomia. O bi-estrelado restaurante em Lisboa alcançou a 46.ª posição — na lista do ano anterior ocupava a 42.ª.
Depois de em 2021 ter alcançado o segundo lugar, o Geranium vê-se agora a agarrar a tão cobiçada primeira posição, seguindo as pisadas de restaurantes como o Noma (chef René Redzepi, Dinamarca), o Mirazur (chef Mauro Colagreco, França) e da Osteria Francescana (chef Massimo Bottura, Itália), os últimos três vencedores.
O Geranium ficava no oitavo andar do National Football Stadium de Copenhaga. Serve um menu chamado Universe que tem cerca de 20 pratos, entre doces e salgados. Esta refeição tem uma duração mínima de três horas. Há cinco anos que o chef deixou de comer carne e este ano deixou também de a servir no restaurante. Foca se principalmente em marisco e vegetais. É possível escolher o tradicional pairing de vinhos com a refeição ou, em vez disso, um pairing de sumos. O preço médio do menu é de 265 euros (mais 186€ com o pairing de vinhos, ou 93 euros no caso dos sumos).
“Foi bom receber esta distinção em Londres, a mesma cidade onde há dez anos entrei na lista pela primeira vez”, disse o chef Rasmus Kofoed ao receber o prémio. “Temos uma equipa de 40 pessoas, de inúmeras nacionalidades, que se entregam totalmente. Este prémio é deles.” Acrescentou ainda que a equipa do restaurante quer focar-se mais em “refeições plant based. Tenho o sonho de conseguir por as pessoas a comer mais vegetais. E com prazer.” Sobre esta opção, Rasmus Kofoed explicou: “Escolhi deixar de comer carne porque deixou de me dar prazer. Naturalmente que a comida do meu restaurante tinha de refletir isso.”
Nesta noite quentíssima na capital do Reino Unido — Londres atravessa uma das piores ondas de calor desde 1750, de tal forma que no dia antes da cerimónia a organização avisou que ia aligeirar o seu habitual dress code mais formal por causa das temperaturas altas –, o público presente no Old Billingsgate, o palco desta gala que foi apresentada pelo ator norte-americano Stanley Tucci, Rasmus afirmou: “Cresci num tempo em que não havia Netflix ou Instagram, aprendi a amar a natureza por causa disso — brincava nela quando era criança. É ela que ainda hoje me inspira e me guia.”
A completar o tão ambicionado pódio ficaram o Central (em Lima, Peru), do chef Virgílio Martinez, na segunda posição, e o Disfrutar (em Barcelona, Espanha), do chef Oriol Castro, Mateu Casañas e Eduard Xatruch, na terceira.
Esta conquista irá retirar o Geranium da competição nos próximos anos, já que passará a fazer parte do restrito grupo dos antigos “números um”, os chamados “The Best of the Best”. Esta regra foi introduzido pela organização do 50 Best há dois anos, como forma de tornar as movimentações dentro da lista mais dinâmicas, evitando que fosse sempre um grupo de quatro ou cinco restaurantes a “monopolizar” o lugar cimeiro.
Em 2019, o Belcanto, do chef José Avillez, estreou-se no top 50 da lista (a contagem, na verdade, vai até ao 100º lugar, só os cinquenta primeiros são mais mediatizados) ocupando a 42.ª posição, 33 números acima daquele que ocupava na listagem de 2018, onde se ficou pelo 75.º lugar. Um ano depois, em 2021, o restaurante lisboeta segurou essa mesma posição.
No ano em que o The World’s 50 Best Restaurants celebra o seu 20.º aniversário, de um ponto de vista mais global, é clara a aposta na linha que adotou nos últimos anos, prestando cada vez mais atenção a espaços localizados fora de uma realidade mais eurocêntrica — zona que, por tradição, sempre mereceu mais destaque na área da gastronomia.
Das mais de 15 novas entradas neste ranking, quase todas foram de restaurantes localizados na Ásia (Hong Kong, Singapura, Bangkok, por exemplo), Médio Oriente (Dubai) e América Latina (Cidade do México, São Paulo, Guadalajara). Esta realidade denota um esforço assumido de tentar alargar o máximo possível o espectro de análise e dar destaque a projetos às vezes menos conhecidos, garantido com isso mais representatividade e diversidade na listagem.
Entre os restantes prémios entregues durante a cerimónia, destaque para os vencedores do prémio de restaurante mais sustentável, Aponiente (em Cádiz, do chef Angel Leon); o prémio de jovem promessa (“One to Watch”) para o AM par Alexandre Mazzia (em Marselha, do chef Alexandre Mazzia); o prémio de melhor chef pasteleiro para Rene Frank (do restaurante CODA, em Berlim); o prémio “Arte da Hospitalidade” para o Atomix (em Nova Iorque); prémio para a melhor chef feminina para Leonor Espinosa (chef do restaurante Leo, em Bogotá); prémio para melhor sommelier do mundo para Josep Roca (do lendário El Celler de Can Roca, em Girona); prémio para melhor entrada na lista para o Uliassi (em Senigallia, do chef Mario Uliassi); premio “Icone” para Wawira Njiru (do Quénia); e o prémio “Escolha dos Chefs” para Jorge Vallejo (do reataurante Quintonil, na Cidade so México)
Consulte em baixo a lista completa do top 50 e top 100 do “The World’s 50 Best Restaurants”:
1 – Geranium (Copenhaga)
2 – Central (Lima)
3 – Disfrutar (Barcelona)
4 – Diverxo (Madrid)
5 – Pujol (Cidade do México)
6 – Asador Etxebarri (Axpe)
7 – Casa do Porco (São Paulo)
8 – Lido 84 (Gardone Riviera)
9 – Quintonil (Cidade do México)
10 – Le Calandre (Sarmeola di Rubano)
11 – Maido (Lima)
12 – Uliassi (Senigallia)
13 – Steirereck (Viena)
14 – Don Julio (Buenos Aires)
15 – Reale (Castel do Sangro)
16 – Elkano (Getaria)
17 – Noblehart & Schmutzig (Berlim)
18 – Alchemist (Copenhaga)*
19 – Piazza Duomo (Alba)
20 – Den (Tóquio)
21 – Mugaritz (San Sebastian)
22 – Septime (Paris)
23 – The Jane (Antuérpia)
24 – The Chairman (Hong Kong)
25 – Franzén (Estocolmo)
26 – Tim Raue (Berlim)
27 – Hof Van Cleve (Kruisem)
28 – Le Clarence (Paris)
29 – St Hubertus (San Cassiano)*
30 – Florilège (Tóquio)
31 – Arpège (Paris)
32 – Mayta (Lima)*
33 – Atomix (Nova Iorque)
34 – Hiša Franko (Kobarid)
35 – The Clove Club (Londres)
36 – Odette (Singapura)
37 – Fyn (Cidade do Cabo)*
38 – Jordnær (Copenhaga)*
39 – Sorn (Bangkok)*
40 – Schloss schauentein (Furstenau)
41 – La Cime (Osaka)
42 – Quique da Costa (Dénia)
43 – Boragó (Santiago do Chile)
44 – Le Bernardin (Nova Iorque)
45 – Narisawa (Tóquio)
46 – Belcanto (Lisboa)
47 – Oteque (Rio De Janeiro)
48 – Leo (Bogotá)*
49 – Ikoyi (Londres)
50 – Single Thread (Healdsburg)
51 – Alcalde (Guadalajara)
52 – Sud 777 (Cidade do México)
53 – D.O.M. (São Paulo)
54 – Lyle’s (Londres)
55 – Azurmendi (Larrabetzu)
56 – La Colombe (Cidade do Cabo)
57 – Trèsind Studio (Dubai)*
58 – Alléno Paris au Pavillon Ledoyen (Paris)
59 – Sazenka (Tóquio)
60 – Rosetta (Cidade do México)*
61 – La Grenouillère (La Madeleine-sous-Montreuil)
62 – Ernst (Berlim)
63 – Chef’s Table at Brooklyn Fare (Nova Iorque)
64 – Fu he Hui (Xangai)
65 – Le Du (Bangkok)
66 – Suhring (Bangkok)
67 – Evvai (São Paulo)*
68 – Kjolle (Lima)
69 – Cosme (Nova Iorque)
70 – Zén (Singapura)*
71 – Mingles (Seul)
72 – Atelier Crenn (São Francisco)
73 – Kol (Londres)*
74 – Blue Hill at Stone Barns (Pocantico Hills)
75 – Samrub Samrub Thai (Bangkok)*
76 – Neighborhood (Hong Kong)*
77 – Table by Bruno Verjus (Paris)*
78 – Lasai (Rio de Janeiro)
79 – Estela (Nova Iorque)
80 – AM par Alexandre Mazzia (Marselha)*
81 – Brat (Londres)
82 – Sézanne (Tóquio)*
83 – El Chato (Bogotá)
84 – Gimlet at Cavendish House (Melbourne)*
85 – Raan Jay Fai (Bangkok)*
86 – Mikla (Istambul)
87 – Orfali Bros Bistro (Dubai)*
88 – Mishiguene (Buenos Aires)*
89 – Máximo Bistrot (Cidade do México)
90 – Wolfgat (Paternoster)
91 – Oriole (Chicago)*
92 – Indian Accent (Nova Deli)
93 – Hertog Jan at Botanic Sanctuary (Antuérpia)
94 – Burnt Ends (Singapura)
95 – Meta (Singapura)*
96 – Maní (São Paulo)
97 – Benu (São Francisco)
98 – Tantris (Munique)
99 – Flocons de Sel (Megève)*
100 – Wing (Hong Kong)*
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