O PCP quer que a Câmara de Lisboa negoceie com o Governo a calendarização da desativação definitiva do aeroporto Humberto Delgado e que assuma o Campo de Tiro de Alcochete como a melhor localização para o novo aeroporto.

Os dois comunistas que integram o executivo pretendem que “a Câmara [de Lisboa] mandate o seu presidente para iniciar contactos com o Governo, tendo em vista a definição de um calendário para a desativação do aeroporto Humberto Delgado”, disse esta terça-feira à agência Lusa o vereador João Ferreira.

Este é o primeiro ponto de uma proposta que os vereadores João Ferreira e Ana Jara submeterão na quarta-feira à votação do executivo liderado pelo PSD/CDS, considerando que “não faz qualquer sentido que a discussão sobre o futuro do aeroporto esteja a desenrolar-se na praça pública, sem que a Câmara Municipal de Lisboa tenha, até ao momento, tomado uma posição concreta sobre o assunto”.

O PCP admite que a desativação do aeroporto seja faseada, mas defende que a mesma “deve ser definitiva, em face ao que são os impactos que hoje o aeroporto traz para a cidade, para a sua população, para todos aqueles que aqui vivem e trabalham”, disse João Ferreira, sublinhando os impactos “na saúde, na segurança e no ambiente”.

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Os vereadores comunistas recusam “a continuação de uma situação que há 50 anos é provisória”, já que desde essa época o aeroporto “não só não saiu” da cidade de Lisboa, “como cresceu continuadamente até atingir os 30 milhões de passageiros/ano”, gerando “uma situação que é insustentável“.

“Lisboa não pode e não deve continuar a carregar este fardo”, afirmou João Ferreira, que na proposta defende também a implementação de medidas de minimização de impactos a adotar até que a desativação seja concretizada, nomeadamente quanto à restrição efetiva de voos noturnos e à elevação das altitudes de sobrevoo da cidade, entre outras.

No segundo ponto da proposta, os vereadores pretendem que a Câmara assuma o Campo de Tiro de Alcochete como o local mais indicado para a construção faseada do novo Aeroporto de Lisboa.

É, até hoje, a solução mais bem estudada de todas aquelas que se foram adiantando ao longo dos anos e a única que neste momento garante a possibilidade de desativação faseada, mas definitiva, da Portela”, sublinhou o vereador.

Quanto ao último ponto da proposta é no sentido de que a Câmara leve a cabo uma campanha de sensibilização sobre os impactos na saúde da população e no ambiente decorrentes do funcionamento do Aeroporto Humberto Delgado, tendo por referência os volumes de tráfego atuais e previsíveis no futuro próximo.

O objetivo é “consciencializar a população dos riscos e dos perigos que já hoje corre em face da permanência do principal aeroporto do país dentro da cidade, com o que isso implica de sobrevoo constante da cidade, a baixas altitudes, por um número muito significativo de aviões diariamente”, disse João Ferreira, especificando que, em 2019, houve um total de “700 aviões por dia, 20 mil aviões por mês“, em Lisboa.

A proposta foi apresentada no Jardim do Campo Grande, onde em campanha eleitoral a CDU defendeu a localização do novo aeroporto em Alcochete, admitindo João Ferreira que este possa não ser o entendimento das outras forças políticas que integram o executivo e que, por isso, a proposta pode vir a ser votada por pontos.

A Câmara Municipal de Lisboa é constituída por 17 eleitos, sendo sete do PSD/CDS, cinco do PS, dois do PCP e os restantes três do Livre, Cidadãos por Lisboa e Bloco de Esquerda.