A aplicação para investimentos em ações e criptomoedas Robinhood vai avançar novamente para despedimentos, justificando a decisão como parte da “reorganização da estrutura” da empresa. Esta é a segunda vez em que a companhia norte-americana avança para despedimentos, depois de em abril ter reduzido em 9% o número de trabalhadores a tempo inteiro.

Numa publicação partilhada no blog da empresa, assinada por Vlad Tenev, o CEO da companhia, é anunciada uma “redução do total de trabalhadores em aproximadamente 23%”. Os despedimentos vão afetar “empregados de todas as funções”, mas as mudanças estarão “particularmente concentradas nas funções de operações, marketing e funções de gestão de programas”.

No relatório anual de contas, a empresa reportava ter em dezembro do ano passado 3.800 trabalhadores. Com a redução de 9% em abril, terão sido cortados cerca de 340 postos de trabalho. Com o novo despedimento, deverão sair cerca de 780. Ou seja, no espaço de quatro meses, a Robinhood despediu mais de mil pessoas. 

Embora reconheça o “quão perturbadoras mudanças deste tipo são”, Tenev reconhece que o corte de 9% feito há alguns meses “não foi suficiente”. Se na altura já era dito que a Robinhood precisava de uma “maior disciplina de custos” na organização, a deterioração do cenário macroeconómico, “com uma inflação em máximos de 40 anos acompanhada por um tombo do mercado cripto” terá justificado esta nova vaga de despedimentos.

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De acordo com a companhia, que apresentou resultados do segundo trimestre esta terça-feira, também a atividade de “trading” por parte dos clientes tem estado a recuar.

O CEO da companhia explica nesta mensagem pública que os empregados incluídos neste despedimento já foram contactados, sendo explicado que poderão continuar “como empregados da Robinhood até 1 de outubro de 2022, continuando a receber os seus pagamentos regulares e benefícios” até essa data. Além disso, também receberão uma compensação em dinheiro e o pagamento do seguro de saúde.

“Apesar da decisão de fazer uma redução adicional de trabalhadores ter sido difícil, acreditamos que é a melhor decisão e que nos posiciona para continuar com a nossa missão de democratizar as finanças para todos”, acrescentou o diretor financeiro, Jacon Warnick, no comunicado ao mercado sobre as contas da empresa.

A plataforma que permite negociar ações e também criptomoedas sem comissões viu as receitas do trimestre cair 44% face ao mesmo período do ano passado, para 318 milhões de dólares, valor que compara com os 565 milhões de há um ano. As receitas resultantes de transações baixaram mais de metade (55%) para 202 milhões de dólares. Já no trimestre anterior estas receitas estavam a cair em termos homólogos, mas com um valor mais modesto, de 7%.

O total de custos da empresa aumentou 22%, depois de no trimestre anterior ter sofrido uma redução de 12%. Entre abril e junho, a empresa registou custos de 610 milhões de dólares, especialmente impulsionados pela subida homóloga de 56% no desenvolvimento tecnológico (244 milhões de dólares).

No trimestre, a empresa registou um prejuízo de 295 milhões de dólares, abaixo dos 502 milhões de há um ano. O prejuízo trimestral ficou, ainda assim, abaixo dos 308 milhões esperados pelos analistas.

A empresa viu os utilizadores ativos mensais cair no trimestre, com menos 1,9 milhões, contabilizando um total de utilizadores ativos mensais de 14 milhões, devido ao contexto económico mais desafiante. Os ativos sob gestão recuaram 31% face ao trimestre anterior, para os 64,2 mil milhões de dólares.

Unidade de criptomoedas alvo de multa de 30 milhões em Nova Iorque

A unidade da Robinhood dedicada às criptomoedas foi alvo de um multa de 30 milhões de dólares em Nova Iorque, de acordo com informação avançada pelo Wall Street Journal. Na base desta coima estará uma alegada violação das regras para lavagem de dinheiro e segurança informática.

De acordo com o jornal norte-americano, esta terá sido a primeira vez em que o estado de Nova Iorque penaliza uma entidade ligada às criptomoedas.

Esta coima terá como objetivo pôr fim a uma investigação iniciada em março, de acordo com informação comunicada pela Robinhood à SEC, o regulador de mercados norte-americanos, antes da entrada em bolsa.

A entidade responsável pela investigação considerou que a área de criptoativos da Robinhood tinha “falhas críticas” na área da cibersegurança.

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