O líder do Chega, André Ventura, diz que é preciso firmeza nas investigações de abusos sexuais na Igreja, mas pede “compreensão” perante o “momento” que a Igreja “está a viver”. Em declarações aos jornalistas na Feira de São Mateus, em Viseu, Ventura disse lamentar que os sucessivos casos de alegados abusos sexuais que têm sido divulgados, nomeadamente pelo Observador, estejam a acontecer na Igreja Católica, à qual pertence.

“Podemos reagir [aos casos] de duas formas diferentes: lamentar ou então saudar o esforço que está a ser feito pela verdade e transparência”, começou por dizer. “Lamento que isso aconteça na Igreja à qual pertenço”, acrescentou.

Ventura quer mão firme nas investigações. “Em matéria de abusos sexuais de menores não pode haver nenhuma barreira. Quer a Polícia Judiciária, quer o Ministério Público têm de ter via aberta para investigar sem qualquer limite”. Mas defende que a Igreja “tem o seu tempo” e pede “compreensão” perante o momento que atravessa.

“A Igreja tem o seu tempo, os seus modos e procedimentos e acho que temos de ter algum momento também de compressão perante o momento que a Igreja está a viver”, disse, sublinhando que isso “não quer dizer que não tenhamos que ser muito firmes nesta matéria”.

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A reação surge numa altura em que se multiplicam as notícias e os relatos de alegados abusos sexuais de menores na Igreja. Na semana passada, o Observador noticiou que o atual cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, teve conhecimento de uma denuncia de abusos sexuais alegadamente cometidos por um sacerdote do Patriarcado que continuou em funções e não o denunciou às autoridades. O anterior patriarca, D. José Policarpo, também não o fez.

Patriarca de Lisboa recebeu denúncia de abusos e reuniu-se com vítima. Mas manteve padre em funções e não comunicou caso à polícia

Já o Expresso avançou, na quinta-feira, que seis dos 12 sacerdotes denunciados por um padre por suspeitas de abusos de menores continuam no ativo.

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