O AMG One, o mais ousado projecto da Mercedes que foi revelado na versão definitiva em Junho com a promessa que a produção das 275 unidades previstas arrancará ainda este ano, está já a rodar na pista de Nürburgring, perseguindo o recorde para veículos de série. Apesar de todos os exemplares estarem vendidos desde 2017, ano em que o modelo foi apresentado, a volta mais rápida na pista alemã onde os desportivos se vão comparar representará um sempre útil boost para a imagem do hiperdesportivo e, sobretudo, do construtor.

Com as entregas a clientes originalmente previstas para 2019, o One iniciou um processo de derrapagens consecutivas que deverão terminar apenas no final de 2022. O grande responsável pelos três anos de atraso foi o motor que deriva do utilizado pela Mercedes na Fórmula 1, um V6 com apenas 1,6 litros soprado por um turbocompressor que, quando está no fórmula de Hamilton e de Russel, debita cerca de 700 cv, com os técnicos da marca germânica a sentirem algumas dificuldades em fazê-lo cumprir o limite de emissões imposto para poder circular na via pública. Daí que o 1.6 V6 debite apenas 574 cv e esteja limitado a 11.000 rpm, em vez das 14.000 rpm que atinge na F1.

Eis, por fim, o Mercedes-AMG One. Poderá bater o Aston Martin Valkyrie?

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Tal como acontece no F1, também o AMG One beneficia de ajudas eléctricas, sendo estas ainda mais exuberantes. Acoplado ao turbocompressor está um motor eléctrico de 122 cv, exclusivamente para evitar o turbo lag e gerar energia para recarregar a bateria, surgindo depois três motores de 163 cv para incrementar a potência do modelo, elevando-a até aos 1063 cv. A primeira destas unidades está associada à cambota, com as restantes duas instaladas no eixo dianteiro, cada uma ligada à sua roda. Os motores eléctricos são alimentados por uma bateria que acabou por ficar com uma capacidade de 8,4 kWh, ao contrário dos originais 6 kWh, o que significa que dos mais de mil cavalos, há 489 cv de que o AMG One só usufrui caso tenha carga no acumulador.

O Mercedes-AMG One tem sido visto a circular no Nürburgring a bom ritmo, numa pista que conhece bem, uma vez que foi neste traçado alemão que o construtor procedeu às afinações finais do chassi, antes de ter encerrado a fase de desenvolvimento. O regresso à pista visa exclusivamente preparar o Mercedes para bater o recorde da volta mais rápida para carros de série, mesmo que produzidos em pequenas quantidades e com alguma contestação interna, como pode ler abaixo:

“Devíamos estar bêbados quando aprovámos o AMG One”, disse o CEO da Mercedes

Esta tentativa de recorde será relativamente fácil de conseguir e tem uma particularidade: a Mercedes baterá a… Mercedes. Isto porque o AMG GT Black Series é o actual detentor do melhor tempo (6.43,62), apesar de a Porsche ter rodado 0,32 segundos mais rápido com um 911 GT2 RS, mas equipado com um kit aerodinâmico e alterações no chassi e travões da Manthey não incluídos no modelo de série. Ora, o AMG GT Black Series tem apenas 730 cv (e 1615 kg), contra 1063 cv (e 1770 kg) do One, restando saber durante quantos segundos por volta a bateria garante a potência adicional.

Com visita marcada ao Nürburgring está igualmente a Aston Martin, no que parece mais uma edição dos confrontos entre a Red Bull e a Mercedes na F1. A Aston Martin, patrocinadora do team austríaco, vai fazer-se representar pelo Valkyrie, que monta um enorme 6.5 V12 atmosférico com 1014 cv, reforçado por um sistema KERS similar ao dos F1, com 160 cv. Além da vantagem na potência, o Aston Martin usufrui ainda de um peso de somente 1030 kg, em vazio. Veja aqui como o AMG One roda no Nürburgring: