Mulheres que recorrem ao trabalho sexual pela primeira vez. Ou mulheres que o deixaram para trás, mas viram-se obrigadas a voltar. De uma forma ou de outra, a inflação e os salários que não acompanham o aumento exponencial dos preços têm levado a um aumento do número de mulheres na prostituição, no Reino Unido.
Só este verão o número chamadas para a English Collective of Prostitutes aumentou em um terço, noticia a Sky News. Esta organização nacional, com centros em várias cidades britânicas, apoia mulheres que recorrem a este tipo de trabalho, ajudando-as a garantir a sua segurança e a defender os seus direitos.
O custo de vida está a empurrar as mulheres para o trabalho sexual de várias maneiras, seja nas ruas, em casas de prostituição ou online”, explicou a porta-voz da English Collective of Prostitutes, Niki Adams.
Também a instituição Beyond The Streets, que ajuda profissionais do sexo no Reino Unido, nota um aumento de mulheres a recorrer ao “sexo de sobrevivência”. “Chamamos assim porque é a única escolha que estas mulheres têm para sobreviver. É feito para atender às necessidades básicas, ter dinheiro suficiente para comida e renda“, disse Nikki McNeill, funcionária da instituição à Sky News.
Uma das mulheres acompanhada pela English Collective of Prostitutes é uma mãe solteira, com quatro filhos, desempregada e sem dinheiro para pagar as contas. “Ela começou a trabalhar algumas noites por semana, nas ruas — apenas o suficiente para pagar as contas. Embora diga que o dinheiro lhe salvou a vida, tem muito medo que o pai das crianças descubra e use isso contra ela”, disse à Sky News.
A organização teme que este aumento se traduza num aumento de violência e exploração. “No geral, vemos as pessoas a chegar a este trabalho numa situação de desespero. Isso significa que elas são muito menos capazes de se proteger da violência e da exploração. E também significa que as condições do trabalho sexual se estão a deteriorar ao ponto de colocar a vida das mulheres em risco”, afirma a porta-voz.
De acordo com uma pesquisa feita pela instituição de caridade National Ugly Mugs, as profissionais do sexo são 10 vezes mais seguras em ambientes fechados — o que, em Inglaterra e no País de Gales é legal — do que nas ruas.
Alguns clientes esperam que algumas das mulheres façam sexo sem proteção. Os clientes sabem que elas estão numa posição em que não podem dizer não”, conta Niki Adams.
Muitas mulheres estão também a recorrer a sites, mas a English Collective of Prostitutes alerta para os riscos de perseguição ou ameaças. “Estamos a trabalhar com uma mulher nos seus 20 e poucos anos, em Kent. Ela estava a trabalhar há alguns meses, quando foi alvo de um homem que começou a assediá-la. Ele conseguiu encontrar a sua página privada no Facebook e se começou a persegui-la“, exemplifica a porta-voz da English Collective of Prostitutes.