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Prostituição
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O recrutamento nas redes sociais, as três casas e a agenda de marcações. A rede de prostituição que a GNR desmantelou no norte do país

Há cerca de ano, após uma denúncia, a GNR começou a investigar uma casa de prostituição em Torre de Moncorvo. Pertencia, afinal, a rede que recrutava mulheres no estrangeiro através das redes sociais.

Todas as transações eram apontadas à mão num caderno. Numa coluna eram registadas as datas, noutra os valores a cobrar por cada um dos clientes. Nomes, nunca. Foi assim que, durante pelo menos o último ano, um casal, juntamente com um amigo próximo, foi gerindo uma rede de prostituição entre os distritos de Bragança e da Guarda que funcionava sob a fachada de lojas de venda de bebidas e restauração na região norte do país. Esta segunda-feira, a rede foi desmantelada pela GNR, que anunciou a detenção dos três suspeitos e a apreensão de mais de 12 mil euros.

A Operação “Hímeros” — na mitologia grega são um grupo de divindades aladas do amor e parte da procissão de Afrodite — da GNR começou há cerca de um ano, depois de uma denúncia sobre a existência de uma casa de alterne no concelho de Torre de Moncorvo. No decorrer da investigação as autoridades perceberam que, afinal, o caso não era único e que existiam mais casas a funcionar em rede nos concelhos de Seia e Aguiar da Beira. Cada um dos espaços era gerido por um dos suspeitos.

"Havia algum aproveitamento pelo facto de, no fundo, serem pessoas isoladas, sem família, algumas até com traços mais depressivos. No fundo [os suspeitos] aproveitavam-se disso."
Capitão Edna Almeida

As mulheres eram aliciadas principalmente no estrangeiro, segundo explicou ao Observador a Comandante do Destacamento Territorial de Torre de Moncorvo, capitão Edna Almeida. Eram abordadas através de conhecimento de algumas que já cá estavam ou de redes sociais para, no fundo, perceber se tinham interesse em vir para cá”, revela. Na operação de segunda-feira foram encontradas pelo menos 11 — a maioria sul-americana, algumas portuguesas — mas a GNR acredita que seriam muitas mais.

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Suspeitos contactavam mulheres “isoladas” e “sem família” através das redes sociais

Oficialmente, as três casas estavam classificadas como espaços de restauração e bebida. Era isso, inclusivamente, que se podia ler nos cartões de clientes que lá foram encontrados durante as buscas realizadas pela GNR esta segunda-feira. No entanto, era lá que as mulheres recrutadas pelos três suspeitos eram alojadas e também onde aconteciam os encontros privados com os clientes.

“As raparigas que trabalhavam nos estabelecimentos vinham essencialmente de fora do país”, indicou a capitão Edna Almeida. A maior parte vinha de países da América do Sul, nomeadamente do Brasil. Eram escolhidas com base nas suas características físicas, mas também pela ausência de relações e um certo isolamento social. “Eram pessoas isoladas, sem família, algumas até com traços mais depressivos”, refere. “Não é que as manipulassem, mas aproveitavam-se dessa fragilidade em proveito do negócio”, acrescenta.

GNR deteve três suspeitos, um casal e um amigo, na operação Hímeros

Os suspeitos contactavam as mulheres principalmente através das redes sociais e questionavam sobre o interesse em vir trabalhar para Portugal. Também prestavam algum apoio com transportes a partir do momento em que chegavam ao país. “Era costume fazerem o transporte do aeroporto até aqui, facilitando a vinda delas para Portugal”, nota a comandante do Destacamento Territorial de Torre de Moncorvo.

As mulheres que faziam parte da rede de prostituição montada pelos três suspeitos tinham entre 30 a 40 anos. Segundo a GNR, não são conhecidos casos que envolvessem menores. Os responsáveis pela investigação ainda têm dúvidas sobre o número real de pessoas que trabalhava para esta rede, uma vez que “nunca ficavam durante muito tempo”. “Foram encontradas 11 mulheres, mas poderiam ser mais. Tínhamos conhecimento de que vinham umas e iam outras. Havia alguma rotatividade”, refere.

Cada casa era gerida por um dos suspeitos e vigiada através de sistema de videovigilância

A rede de prostituição era liderada pelo casal em parceria com um amigo. As autoridades sabem apenas que estava a funcionar há pelo menos um ano, altura em que chegou a denúncia que desencadeou a investigação. “Se pensarmos um pouco em zonas onde moramos é fácil alguém dar uma denúncia. Depois, ao investigar mais um pouco, percebemos que não havia apenas uma casa em Moncorvo, mas noutros locais também”, diz a comandante do Destacamento Territorial de Torre de Moncorvo.

Cada um dos elementos geria uma das três casas da rede de prostituição — os outros espaços estavam localizados em Seia e Aguiar da Beira —, onde os suspeitos “procediam ao recrutamento, incentivo e favorecimento do exercício da prostituição”, já referia a GNR num comunicado divulgado esta segunda-feira a propósito das detenções. O cabecilha da rede controlava os três locais com recurso a sistemas de videovigilância, segundo disse a GNR à agência Lusa.

Durante a operação foram apreendidos 12.728 euros; cinco telemóveis; um tablet; três sistemas de videovigilância; e a agenda onde eram apontados os detalhes do esquema.

Os suspeitos têm idades entre os 43 e os 61 anos e são todos portugueses. Um deles, cuja mulher estava envolvida na rede, tinha antecedentes criminais e já tinha sido condenado pelo mesmo tipo de crime. Foram detidos na sequência do cumprimento de três mandados de detenção e 16 mandados de busca — onze domiciliárias e cinco não domiciliárias (em veículos e estabelecimento comercial).

Durante a operação foram apreendidos 12.728 euros; cinco telemóveis; um tablet; três sistemas de videovigilância; e “diversos artigos e documentos relacionados com a prática do crime”, incluindo a tal agenda onde eram apontados os detalhes do esquema. Esta terça-feira os suspeitos serão ouvidos em tribunal para ficar a conhecer as medidas de coação. Já as mulheres que trabalhavam nas três casas estão a ser ouvidas pelo Procurador da República de Torre de Moncorvo.

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