O antigo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está a recorrer a todos os instrumentos para tentar travar a investigação do FBI aos documentos oficiais que terá levado consigo quando abandonou a Casa Branca. Desta vez, Trump decidiu processar o governo norte-americano, pedindo que seja escolhido um especialista imparcial para analisar os documentos e que seja justificada a pormenor a necessidade das buscas, que assegura terem base em “motivações políticas”.

Segundo a imprensa norte-americana, o foco do processo que a equipa de Trump interpôs nesta segunda-feira é mesmo assegurar que um “guardião especial”, escolhido pelo tribunal, possa rever as quinze caixas de documentos que foram levados do seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, nas buscas feitas há cerca de duas semanas, e verificar quais poderão estar fora do âmbito da investigação ou que estejam protegidos por algum tipo de sigilo profissional.

Além disso, especifica a CNBC, a equipa de Trump pede que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos fique impedido de continuar a consultar a documentação que o FBI levou de Mar-a-Lago enquanto a tal parte imparcial — uma figura que existe em situações em que haja dúvidas sobre se certos documentos podem ou não ser usados no contexto de investigações criminais — não for escolhida.

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Trump quer ainda que seja feito um inventário detalhado de toda a documentação que foi levada dos seus aposentos e que seja devolvido todo o material que não tiver diretamente a ver com as investigações em curso, acusando o FBI de ter conduzido as buscas de forma abusiva e de não ter tido em conta a sua cooperação voluntária.

Os pedidos fazem parte de um processo em que Trump volta a atacar duramente esta investigação sem precedentes. Segundo o documento que entregou num tribunal do sul da Flórida, o antigo Presidente acredita que o governo norte-americana violou os seus direitos constitucionais ao ordenar buscas injustificadas nos seus aposentos privados de Mar-a-Lago.

E, argumentando que as buscas foram “ilegais e inconstitucionais”, num comunicado citado pela imprensa norte-americana”, Trump fala mesmo numa ordem “espantosamente agressiva” com “motivações políticas”.

“Estamos a levar a cabo todas as ações necessárias para reaver os documentos, que lhes teríamos facultado sem a necessidade de uma busca desprezível na minha casa, para que os possa entregar ao Arquivo Nacional até serem requisitados para a futura Biblioteca e Museu Presidencial Donald J. Trump”, lê-se no texto.

Já o porta-voz do Departamento de Justiça norte-americano Anthony Coley disse, em reação à ação de Trump, que as buscas foram “autorizadas por um tribunal federal” por existirem “suspeitas razoáveis”, garantindo que o governo dará resposta ao processo do antigo Presidente.

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O mandado que permitiu as buscas a Mar-a-Lago, a 8 de agosto, indicava que as autoridades norte-americanas estão a investigar possíveis violações de leis relativas a espionagem e obstrução da justiça.

Entretanto, Trump garante que tudo não passa de um esquema para travar uma possível recandidatura sua à Casa Branca e escreve mesmo, no próprio processo, que é o “claro preferido” para as primárias republicanas e a eleição geral em 2024 se decidir voltar a entrar na corrida presidencial.