Em 2014, 43 estudantes mexicanos desapareceram após um confronto com as autoridades em Iguala, uma cidade a cerca de 130km a sudoeste da Cidade do México. Os alunos eram professores estagiários, na região de Ayotzinapa, e pretendiam protestar contra práticas discriminatórias de contratação de professores.

Esta sexta-feira, o subsecretário dos Direitos Humanos mexicano, Alejandro Encinas, revelou que seis dos 43 estudantes foram alegadamente mantidos num armazém durante dias e, posteriormente, entregues ao comandante da base militar local que ordenou os seus assassinatos, segundo noticiou o jornal britânico The Guardian. Até à data, os restos mortais de apenas três alunos foram identificados.

A 19 de agosto, um relatório da Comissão da Verdade concluiu que o desaparecimento foi um “crime de Estado”, informação que foi confirmada por Encinas. O vídeo do discurso do subscretário foi partilhado pelo próprio na rede social Twitter.

Alejandro Encinas realçou ainda que as autoridades mexicanas acompanharam o movimento dos alunos desde a saída da instituição de ensino até ao momento em que foram sequestrados.

Segundo o relatório da Comissão da Verdade, a 30 de setembro, quatro dias após o desaparecimento dos estudantes, foi recebida uma chamada anónima em que foi indicada a alegada localização de seis dos 43 estudantes — um armazém num local descrito como “Pueblo Viejo”.

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Esta quinta-feira, um juiz mexicano decidiu que o ex-procurador-geral, Jésus Murillo Karam, vai ser julgado no tribunal criminal pelo desaparecimento dos estudantes. Integrado no gabinete presidencial mexicano naquela época, Murillo Karam, que liderou uma investigação muito controversa sobre este caso, vai ser processado por desaparecimentos forçados, tortura e obstrução da justiça, disse à imprensa o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

No passado, o magistrado havia defendido a polémica investigação sobre o desaparecimento dos alunos da Escola Normal de Ayotzinapa, no estado de Guerrero, na noite de 26 para 27 de setembro.

Murillo Karam foi preso na última sexta-feira, um dia após a publicação de um relatório que denuncia o caso como “um crime de Estado” com a participação de militares.

A Procuradoria-Geral da República mexicana também emitiu mandados de detenção contra 64 polícias e militares, bem como 14 membros do cartel de narcotráfico Guerreros Unidos.