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A “integridade física da central” nuclear ucraniana de Zaporijia, ocupada pelas tropas russas, “foi violada”, declarou esta quinta-feira o diretor da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, depois de uma missão inspecionar as instalações.
“A integridade física da central foi violada várias vezes”, declarou Grossi à imprensa ao regressar ao território controlado por Kiev com uma parte da missão da AIEA.
“Não temos elementos para fazer uma avaliação, [mas] é uma coisa que não pode continuar a acontecer”, acrescentou.
Vários membros da missão vão lá ficar até “domingo ou segunda-feira” para estudar profundamente o estado da central, a maior da Europa e cujas instalações foram bombardeadas diversas vezes, fazendo temer uma catástrofe nuclear, precisou Grossi.
“Vamos ter aqui muito trabalho para analisar determinados aspetos técnicos”, observou.
A AIEA tenciona também “manter uma presença permanente” na central além dessa data, sublinhou o responsável, sem fornecer mais pormenores.
Depois de ter chegado à central vindo da cidade de Zaporijia, a cerca de 120 quilómetros por estrada, Grossi disse ter visto “muitas coisas” durante as “quatro ou cinco horas” que passou no local.
“Conseguimos visitar a totalidade das instalações. Estive nas unidades [dos reatores], vi o sistema de emergência e outras áreas, as salas de controlo”, enumerou, elogiando os trabalhadores ucranianos que continuam a trabalhar na central desde a sua ocupação, em março, pelo exército russo.
“É claro que eles estão numa situação difícil, mas têm um grau de profissionalismo incrível”, afirmou Grossi.
Descreveu, em seguida, a “situação bastante difícil” da sua equipa que ouviu fogo de artilharia pesada durante a viagem até à central e ao atravessar a linha da frente.
“Houve momentos em que eram evidentes os disparos de metralhadoras, artilharia pesada, morteiros duas ou três vezes — estávamos muito preocupados”, admitiu o diretor da AIEA.
Há várias semanas que Moscovo e Kiev se acusam mutuamente de atacar a central nuclear.
Um dos dois reatores ativos foi desligado devido a bombardeamentos que os ucranianos atribuem às forças russas, ao passo que a Rússia acusa a Ucrânia de ter enviado equipas para sabotarem a maquinaria da central localizada ao longo do rio Dnieper, cuja margem esquerda é controlada neste setor por tropas russas.