Despenhou-se este domingo à tarde, no mar Báltico, junto à costa da Letónia, um avião austríaco, com quatro pessoas a bordo: o piloto, uma mulher, um homem e a filha.

De acordo com a imprensa espanhola, os quatro tripulantes eram de nacionalidade alemã, sendo que três deles, da mesma família, estavam temporariamente a morar em Zahara de los Atunes, Cádiz.

Contactada pela Reuters, a GG Rent, empresa austríaca proprietária do jato privado, que voou pela primeira vez em 1979, há já 42 anos, não se mostrou disponível para prestar qualquer informação adicional.

Depois de ter descolado do aeroporto de Jérez de la Frontera, no sul de Espanha, às 14h56 (menos uma hora em Portugal), o avião, um Cessna 551, com a matrícula OE-FGR, seguiu em direção a Paris, virando depois para Colónia, na Alemanha, o que deveria ter sido o seu destino final. Mas após ter passado pela cidade, sem qualquer comunicação por parte do piloto, seguiu para norte e acabou por passar junto à Dinamarca e à ilha sueca de Gotland.

Antes disso, ainda na Península Ibérica, o piloto já tinha avisado que tinha perdido a pressão da cabine. Logo a seguir, todas as comunicações a partir do Cessna 551 cessaram.

Explicou à agência de notícias sueca TT Hans Kjäll, especialista em segurança na aviação, não é assim tão raro que aconteçam casos como este, de despressurização do cockpit. Neste caso, especulou, por algum motivo o piloto não terá conseguido reagir a tempo e desengatar o piloto automático de forma a fazer descer o avião rapidamente, para uma altitude em que a falta de oxigénio não fosse um problema, o que terá sido fatal. “A esta altitude de cruzeiro, que mesmo estes pequenos jatos têm, cerca de 10 mil metros, há muito pouco oxigénio. Ficamos inconscientes em 30 segundos.”

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Depois de verem goradas todas as tentativas de contacto com o avião e partindo do princípio de que piloto e passageiros teriam perdido os sentidos ou estariam incapazes de responder, conta o sueco Aftonbladet, caças espanhóis e franceses descolaram para descobrir o que se passava — sem sucesso. De seguida, foram as Forças Armadas alemãs a colocar no ar outros dois caças, que voaram ao lado da aeronave, que seguia em piloto automático, mas também não conseguiram ver ninguém no cockpit. Um porta-voz da força aérea lituana disse à Reuters que a NATO também fez sair do aeródromo de Amari, na Estónia, caças da missão da Polícia Aérea do Báltico para acompanhar o avião.

Quando os aviões alemães se afastaram, na zona da ilha de Rügen, um F16 dinamarquês descolou para acompanhar o Cessna 551. Os seus pilotos testemunharam ao vivo o momento em que o avião, sem combustível, começou a rodopiar e  se despenhou em direção ao mar.

“Soubemos que o avião se despenhou (no oceano) a noroeste da cidade de Ventspils, na Letónia”, disse um porta-voz do serviço de emergências da Suécia, citado pela Reuters. “Desapareceu do radar. As hipóteses de encontrar sobreviventes são mínimas.”

Entretanto, vários jornais noruegueses, suecos e alemães já tinham aberto liveblogs para acompanhar o trajeto do “avião fantasma”, como lhe chamaram, que chegou a temer-se que pudesse cair em terra. Através de sites como o Flight Radar, a queda do avião, a cerca de 30 quilómetros da cidade letã de Ventspils, foi acompanhada, não ao vivo, mas em direto em direto na internet.

Segundo o Aftonbladet, o avião permaneceu no ar durante 4 horas e 51 minutos. Por volta das 19h30 locais, menos uma hora em Portugal, a aeronave começou a perder altitude e velocidade. Depois, 15 minutos mais tarde, acabou por cair no mar Báltico.

Um helicóptero de resgate, aviões e navios suecos dirigiram-se de imediato para o local do acidente, avançou o alemão Bild. Segundo a Reuters, um helicóptero da Força Aérea lituana também foi enviado para o local, a pedido da Letónia, que por sua vez anunciou também ter enviado vários navios para aquela zona do Báltico.

Para além disso, um ferry da companhia Stela Line, que fazia a ligação entre Ventspils e Norvik, na Suécia, também foi redirecionado para o local. “O nosso navio estava nas proximidades do local do acidente e fomos solicitados para ajudar nas operações de busca e resgate, se necessário”, disse ao Aftonbladet o responsável pela comunicação da Stena Line.

Como o avião caiu em águas letãs, acrescentou o mesmo jornal, que descreve manchas de óleo e destroços visíveis à superfície, as operações foram assumidas pelas autoridades de Riga.

De acordo com o Expresso, que citou fonte aeronáutica internacional, ainda antes de se despenharem, os ocupantes do avião já estariam mortos.