Dia grande Champions, dia grande Kylian Mbappé. As últimas notícias até podiam dar conta do alegado pagamento de Paul Pogba a uma bruxa para que o avançado se lesionasse (algo que o próprio recusou após falar com o médio), o principal destaque no PSG até pode andar centrado em Neymar, mas quando surgiu “aquele” dia, ele foi o protagonista. E foi por tudo: pelos 251 milhões de euros que vai receber ao longo de três anos do PSG (mais 125 milhões à cabeça para renovar), pela conversa que teve com o presidente francês Emmanuel Macron, pelos rivais à Bola de Ouro, pela visão do projeto desportivo, por Neymar.

“Sempre tive uma relação baseada no respeito pelo Neymar. Sempre tivemos momentos mais frios, outros que foram mais calorosos. Às vezes somos os melhores amigos, às vezes falamos menos. É essa a natureza do nosso relacionamento. Próximo penálti? Se resultar com o Neymar a bater, ele vai bater. Se for eu, sou eu. Ser o número 1 não significa que se marque todos os penáltis, não existe isso em nenhum clube e muito menos quando se jogar com três jogadores assim [juntando Messi]. É preciso saber repartir o bolo, não há problema com isso”, destacou numa entrevista de fundo concedida ao The New York Times.

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Fora dos relvados, existirá segundo a imprensa francesa o período mais tenso de relação entre ambos ao longo de cinco anos no PSG; em campo, será complicado encontrar um momento em que estivessem tão bem em conjunto, quase fazendo esquecer que são um trio que fica completo com o jogador com mais Bolas de Ouro de sempre. E foi isso que fez a diferença na receção à Juventus, que nos 45 minutos iniciais chegou a indiciar que acabaria em novo atropelo mas que acabou por ser um encontro bem mais equilibrado do que se pensava perante o pragmatismo com que os italianos perceberam as suas limitações, assumiram os mesmos e tiveram mais do que uma oportunidade clara para empatarem após o 2-0.

O ambiente já era efervescente num Parque dos Príncipes cheio para a estreia de uma Liga dos Campeões versão desta-vez-é-que-vai-ser do PSG e o olhar de Vlahovic enquanto se ouvia o hino da prova, fixado na zona da clque parisiense que tinha dezenas e dezenas de tochas vermelhas acesas criando um verdadeiro inferno, explicava esse peso que se estava a criar. A bola começou a rolar, as diferenças começaram logo a sentir-se: na primeira vez que Neymar e Mbappé conseguiram combinar, o brasileiro picou a bola por cima da defesa como se fosse futebol de praia e o francês rematou cruzado de primeira para o 1-0 (5′).

Donnarumma ainda teve uma intervenção importante a um cabeceamento de Milik (seguindo-se um toque de calcanhar de Vlahovic para corte no relvado de Sergio Ramos e uma tentativa ao lado de Kostic) mas a ideia que passava era que o PSG fazia o que queria, quando queria e como queria em campo, sendo que em qualquer aceleração no último terço criava oportunidades como aconteceu no 2-0 pouco depois, em mais uma jogada de envolvimento entre Verratti, Hakimi e Mbappé (22′). O intervalo chegava com o domínio total dos franceses perante uma Juventus que conseguiu esticar jogo em algumas ocasiões mas foi mostrando demasiadas debilidades defensivas perante a falta de referências ofensivas contrárias.

No segundo tempo, a mudança de postura do PSG acabou por dar vida aos transalpinos, motivados por um golo a reduzir a desvantagem de McKennie na sequência de um canto de Kostic que apanhou Donnarumma a parar a meio caminho (53′). Mais: nos minutos seguintes, aproveitando a momentânea descoordenação coletiva dos visitados, Vlahovic viu o guarda-redes italiano negar-lhe o empate com uma grande defesa após desvio de cabeça. Quem queria adormecer o adversário, caiu no sono do jogo. E, quando voltou a criar, foi ineficaz perante as chances falhadas por Messi e Mbappé antes de Vlahovic e Locatelli ficarem perto do golo no quarto de hora final. A aparente goleada quase acabava o empate…