Sem grandes surpresas, os norte-americanos continuam a liderar a lista de candidatos ao Booker Prize de 2022. A shortlist de seis finalistas. revelada esta terça-feira ao final da tarde, incluiu três autores norte-americanos, um inglês, um cingalês e um irlandês. Alan Garner, de 87 anos, o escritor mais velho alguma vez nomeado, permaneceu na corrida ao prémio de ficção inglesa. Leila Mottley, a mais jovem nomeada, com 20 anos, não passou à fase seguinte.
A lista de seis finalistas é a seguinte:
- Glory, de NoViolet Bulawayo (EUA);
- The Trees, de Percival Everett (EUA);
- Treacle Walker, de Alan Garner (Inglaterra);
- The Seven Moons of Maali Almeida, de Shehan Karunatilaka (Sri Lanka);
- Small Thinks Like These, de Claire Keegan (Irlanda);
- Oh William!, de Elizabeth Strout (EUA).
A shortlist pelo presidente do júri, Neil MacGregor, a partir do Serpentine Pavillion, em Londres, um local onde, todos os anos, um artista é convidado a construir uma estrutura arquitetónica. Durante o discurso introdutório, o antigo diretor do British Museum e National Gallery, destacou a relevância da ficção e de “continuarmos a reimaginar o nosso mundo”, acrescentando que a literatura ficcional tem ainda outro propósito: criar um momento de paragem “para nos maravilharmos com o que a língua inglesa pode fazer: o que podemos fazer com as palavras”.
Recusando a ideia de que a língua inglesa, a mais falada no mundo, se tornou uma espécie de tirano, MacGregor defendeu que essa posição ditatorial é destronada pelos “diferentes ingleses” que existem, que podem ser encontrados nas obras escolhidas para integrar a shortlist, composta por obras que têm em comum um peculiar uso da linguagem, que se reflete na forma como os diferentes autores a utilizaram “não apenas para dizer o que aconteceu mas para criar um mundo, um universo imaginado onde nós, intrusos, podemos entrar”.
[Reveja aqui o anúncio da shortlist do Booker Prize 2022:]
“Nesse mundo, alguma coisa acontece a um indivíduo ou a uma sociedade, que faz com que se aperceba quem é ou em que é que se pode tornar”, disse ainda o presidente do júri, admitindo que as obras escolhidas “não são fáceis, apesar de serem curtas”, pois tratam de assuntos “sérios ou cruéis”, São, no entanto, livros que falam sobre encontrar e espalhar a verdade.
A longlist do Booker Prize de 2022 foi anunciada a 26 de julho. O vencedor será revelado a 17 de outubro, na habitual cerimónia em Londres, que este ano decorrerá na Roundhouse. O painel de jurados deste ano inclui, além do historiador de arte e escritor Neil MacGregor (presidente), a académica, crítica e apresentadora da BBC Shahidha Bari; a historiadora Helen Castor; o escritor e crítico literário M. John Harrison; e o romancista e poeta Alain Mabanckou.
No ano passado, o prémio foi atribuído ao sul-africano Damon Galgut, autor de The Promisse (publicado em Portugal como A Promessa). O romance conta a história de três gerações da família Swart, natural de Pretoria, onde o autor cresceu. Além de refletir a atmosfera do país, a história dos Swart é também uma reflexão sobre a passagem do tempo.
Damon Galgut. Uma maldição familiar e uma promessa por cumprir na África do Sul do apartheid
O vencedor do International Booker Prize de 2022 foi entretanto conhecido. O prémio de ficção traduzida foi atribuído à escritora indiana Geetanjali Shree, autora de Tomb of Sand, traduzido do hindi por Daisy Rockwell. Tomb of Sand foi o primeiro livro originalmente escrito em hindi a vencer o International Booker, que nunca tinha sido entregue a um autor de nacionalidade indiana.