A Associação de Proteção e Socorro (APROSOC) reiterou esta quinta-feira que a presença de dois pilotos nas aeronaves de combate a incêndios possibilita evitar o acidente e defendeu o investimento em equipamento de deteção de obstáculos no ar.
A observação da APROSOC surge numa nota enviada aos Grupos Parlamentares da Assembleia da República Portuguesa e Procuradoria-Geral da República após ser conhecido o relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) à queda do helicóptero em Paranhos, Amares (Braga) no passado dia 1 de setembro.
Perda de controlo e queda de helicóptero em Amares era “inevitável”
A GPIAAF conclui no seu relatório datado de quarta-feira que, o helicóptero que caiu em Paranhos — Amares, no passado dia 1 pelas 18h22, colidiu com a linha de transporte de energia de 150kV que cruzava o local e que, a queda era inevitável pelo facto do vale estar iluminado pelo sol de frente.
Esta confirmação do GPIAAF reforça à APROSOC — Associação de Proteção Civil, a forte convicção de que a presença de um segundo piloto, ou seja, de quatro em vez de dois olhos a prestar atenção à localização da linha de transporte de energia, possibilitaria evitar o acidente, pelo que, entende esta Associação, ser pertinente que se investigue se, o contrato entre o Estado e o Operador, salvaguarda a segurança das tripulações daquela tipologia de aeronave no combate a incêndios, bem como a segurança dos cidadãos que por aquelas aeronaves são sobrevoados durante tais operações de elevada complexidade”, é referido na nota.
No entendimento da APROSOC fica igualmente “provado” com aquele relatório que a “lamina corta cabos” frontal superior e inferior daquela aeronave não evitou o acidente.
Por isso, a Associação volta a lamentar que não exista um investimento em equipamento de deteção de obstáculos no ar.
“Salienta-se ainda que, a presença de uma aeronave de coordenação no local das operações, ou mesmo a observação a partir de terra em contacto com o piloto, seria outra das formas possíveis de contribuir para evitar o acidente”, destaca a Associação, lamentando ainda a “falta de empenho da Administração Central do Estado”.
“A presente reação tem por único intuito contribuir para que semelhantes situações deixem de ocorrer no futuro“, é sublinhado na nota.
Um helicóptero que estava a combater um incêndio no concelho de Amares, distrito de Braga, despenhou-se ao final da tarde de 01 na freguesia de Caldelas.
O piloto, de 53 anos, foi transportado no dia do acidente para o Hospital de Braga, onde chegou, “em estado grave, mas encontrando-se na quarta-feira “estável e internado nos cuidados intermédios”.
Numa nota Informativa (NI) do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) divulgada na quarta-feira, e a que a agência Lusa teve acesso, o organismo conta “a perda de controlo da aeronave foi inevitável e consequente queda abrupta praticamente à vertical do impacto”.
“Atendendo à densa vegetação e ao declive negativo favorável à trajetória de dissipação de energia da aeronave, o impacto faseado, embora violento, permitiu as condições de sobrevivência ao piloto”, indica a Nota Informativa.
O GPIAAF dá ainda conta de que “o céu se apresentava com poucas nuvens altas, estando todo o vale [onde lavrava o incêndio] sob luz direta do sol”.