Vinte e um milhões de peregrinos de todo o mundo, incluindo três milhões de iranianos, reuniram-se nos últimos dias junto aos mausoléus da cidade iraquiana de Kerbala, para comemorar o Arba’een, o evento mais importante do calendário xiita.

O Arba’een é um dos maiores encontros religiosos do mundo, com os muçulmanos xiitas, que estão em maioria no Iraque e no Irão, a assinalarem o quadragésimo dia de luto pelo martírio do Imã Hussein, neto do Profeta Maomé e figura fundadora do xiismo.

Kerbala, onde Hussein e o seu irmão Abbas estão sepultados, é o epicentro do mundo xiita, e, após dois anos marcados pela pandemia de Covid-19 e respetivas restrições fronteiriças, 21,2 milhões de peregrinos afluíram à cidade central do Iraque nos últimos dias, segundo a instituição que gere o santuário de Abbas.

Segundo as autoridades iraquianas, entre os peregrinos contavam-se cinco milhões de estrangeiros. Já de acordo com Teerão, com mais de três milhões de visitantes, os iranianos bateram este ano um recorde de participação no Arba’een.

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Na esplanada que liga os mausoléus de Hussein e Abbas, os peregrinos recitaram orações, enquanto, acompanhadas por cânticos religiosos, várias procissões contornaram lentamente os dois mausoléus e a esplanada.

Os peregrinos agitaram bandeiras e faixas pretas com a imagem do imã Hussein.

Desde o derrube de Saddam Hussein, em 2003, a participação no Arba’een tem vindo a aumentar de forma constante. “Para os xiitas iraquianos, é uma expressão da sua liberdade após anos de ditadura e, também, de orgulho na sua identidade xiita”, disse à AFP Alex Shams, estudante de doutoramento na Universidade de Chicago, especializado em xiismo político.