A cantora Alla Pugacheva, conhecida como a rainha da música pop na era da União Soviética denunciou a “guerra do Presidente Vladimir Putin”, que acusa de estar a matar soldados em nome de ideais ilusórios, criando um fardo para as pessoas e fazendo da Rússia um pária internacional.
A cantora de 73 anos, que se tornou num ícone da cultura popular soviética e pós soviética, é uma das mulheres mais famosas da Rússia, tem mais de 3 milhões de seguidores no Instagram, e já posou com Vladimir Putin.
Agora, Alla Pugacheva desafia as autoridades do país a classificarem-na como uma “agente estrangeira” depois de o marido, o comediante, apresentador de televisão e cantor Maxim Galkin, também ter sido incluído numa lista de inimigos do Estado.
“Apelo a que me incluam na lista de agentes estrangeiros do meu amado o país porque estou solidária com o meu marido, uma pessoa honesta decente e sincera, um verdadeiro e incorruptível patriota da Rússia, que deseja à Pátria prosperidade, paz, liberdade de expressão e o fim da morte dos nossos filhos por objetivos ilusórios que fazem do nosso país um pária e oneram a vida dos nossos cidadãos”, publicou Pugasheva no Instagram, rede social que foi banida pela Rússia, numa publicação que em menos de 24 horas já teve mais de 650 mil likes.
Desde a invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro que as autoridades russas perseguem quem critica publicamente a intervenção e impõem multas aos artistas que se arriscam a fazer comentários anti-guerra. A estação estatal russa trata os críticos como “traidores da mãe pátria”.
À BBC, Artemy Troitsky, jornalista e crítico de música russo que deixou o país em 2014, elogiou a tomada de posição da estrela da pop e considerou que a porta agora aberta por Pugacheva pode ser franqueada por várias outras figuras públicas russas. “Acho que esta é a primeira declaração política forte dela e isso por si só é bastante chocante para as pessoas na Rússia. Acho que ela não é a única que pode mudar a opinião pública. Moral e emocionalmente esta declaração de Alla Pugacheva é talvez um dos esforços mais fortes nesta direção.”