O primeiro-ministro está pronto para apoiar a proposta que a Comissão Europeia vai propor ao Conselho e que passa por uma taxação de 33% sobre os lucros extraordinários das empresas de petróleo, gás, carvão e refinaria. Em Nova Iorque, onde está a participar na 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas, António Costa voltou a dizer que a questão tem estado a ser analisada pelo Governo.

Perante a pergunta sobre se pretende o Governo avançar com a taxação em concreto sobre as empresas de combustíveis fósseis, o primeiro-ministro respondeu que há ainda alguns passos prévios que quer cumprir, mas no final assumiu que “há uma proposta da Comissão Europeia que será apresentada ao Conselho e Portugal apoiará essa proposta”.

Quanto aos passos que antecedem uma decisão nesse sentido, Costa disse que o Governo está à espera de “informação que a entidade reguladora fornece sobre a existência ou inexistência desses lucros extraordinários” e, depois, quer ainda “ver em que medida é que o sistema fiscal hoje em dia já tributa esses lucros”.

A ideia que Portugal já está a atuar, nomeadamente nas medidas aplicadas na área da energia (mecanismo ibérico e transição para mercado regulado do gás) já tinha sido argumento usado por Costa no passado, quando admitiu pela primeira vez que esta taxação estava a ser estudada.

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Mas os apoios para esta medida têm vindo a crescer — também dentro do PS — e foi tema abordado recentemente pelo secretário-geral da ONU.

Dilema marca rentrée de Costa. PS apoia “princípio” de tributar lucros excessivos, só diverge na pressa

Em Nova Iorque, Costa disse aos jornalistas (em declarações divulgadas em direto pelas televisões) que desconhece em quanto tempo será aprovada a proposta no Conselho Europeu: “Há de fazer o seu circuito no Conselho e veremos se será aprovada. Nunca sabemos quanto tempo demora”.

A proposta de Ursula von der Leyen no debate do Estado da Nação defende a criação de uma contribuição solidária e temporária, de 33%, para aumentos de lucros superiores a 20% face à média dos últimos três anos. Mas a decisão tem de contar com uma maioria qualificada dos estados-membros no Conselho Europeu de ministros do ambiente — agendado para o dia 30 de setembro.

Porque resiste tanto o Governo a criar uma taxa sobre os lucros inesperados