Uma “revolução” para tentar provar que o PS não “governa só para o dia de hoje”. Foi assim que, a partir do Porto, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e o primeiro-ministro apareceram juntos para apresentar o projeto para a nova linha de alta velocidade na ferrovia, que promete assegurar a ligação entre Porto e Lisboa de comboio em 1h15.
Se uma das principais críticas dos opositores de Costa é que os seus governos — já desde os tempos da geringonça — têm sido mais de gestão do que propriamente de reformas “estruturais”, o primeiro-ministro agarrou nesta obra, também com a perspetiva do novo aeroporto de Lisboa no horizonte, para contrariar essa ideia.
“Quem governa não pode governar só para o dia de hoje, tem de governar para os dias que virão”, frisou Costa, a partir do púlpito montado na estação de Campanhã, no Porto. “Mas deve fazê-lo com confiança de que [adota] soluções para o futuro e não problemas para outros resolverem. Já resolvemos problemas que herdámos e estamos a deixar soluções para os que nos sucederem”, frisou.
A mentalidade a adotar no seio do Governo, assegurou, tem de ser a mesma com que a pandemia foi “ultrapassada”: pelo meio de uma situação de guerra “como a Europa não vivia há 70 anos” e de uma seca severa, é preciso “apoiar quem mais precisa”, mas também “construir um futuro com futuro”. Por outras palavras: a necessidade de apoiar famílias e empresas, neste momento, não pode aniquilar ou adiar indefinidamente investimentos estratégicos.
A ideia também poderia aplicar-se ao novo aeroporto de Lisboa — mais uma das obras que Costa quer finalmente lançar, mas que só terá uma decisão técnica final tomada no fim de 2023. Ainda assim, foi um dos projetos que o primeiro-ministro citou para lembrar que os “grandes projetos estruturantes” têm sempre de contar com um amplo consenso nacional e partidário (“as maiorias são sempre conjunturais, e estas obras transcendem-nas em muito, assim como a nossa rápida passagem pelo mundo”).
Neste momento, fez questão de garantir, o país já tem condições financeiras para poder avançar com esta obra — a linha de velocidade que ligará Lisboa a Vigo, reduzindo a distância de comboio para várias cidades, incluindo para o Porto — sem que “sobressaltos” futuros a possam deter.
Quem também estava presente na apresentação — e recebeu um abraço vigoroso do primeiro-ministro — foi Pedro Nuno Santos, que descreveu as mudanças que este Governo está a levar a cabo na ferrovia como nada menos do que uma “revolução”. Esta linha, assegurou, será mais um passo nesse processo, depois de décadas de “desinvestimento” e de prioridade dada aos automóveis no desenho das políticas públicas.
Agora, frisou Pedro Nuno, esse processo está a ser contrariado, com “quase todas as linhas do país em obras”, e passa-se a um segundo momento, de “transformação”. Consciente das críticas recorrentes aos serviços ferroviários em Portugal, o ministro assumiu que é preciso que os portugueses sintam que podem “confiar” no comboio para que passem a “deixar o carro em casa” — ou seja, garantir que “aparece e chega a horas” e que é um meio com “conforto, rapidez e flexibilidade”.
A linha que colocará as duas áreas metropolitanas portuguesas “a pouco mais de uma hora de distância” será um passo nesse sentido, assegurou o ministro. A primeira fase da construção deverá ser concluída até 2028.