Jorge Pires, membro do grupo de coordenação do Núcleo Territorial da IL Cascais, dirigiu-se a António Costa como “monhé” num texto em que acrescentou que o primeiro-ministro “ficou bravo” durante o debate de política geral na Assembleia da República. A publicação feita no Twitter acabou por ser apagada pelo próprio e a direção da IL recusa comentar aquilo a que chama “questiúnculas ou excessos individuais nas redes sociais”, mas diz que é “óbvio” que “condena” qualquer tratamento discriminatório.

“O monhé ficou bravo, deve ter sido pelos negócios do marido da amiga, e [de] como tem o país dele, que é um espetáculo, e achou por bem ir buscar espantalhos ingleses. Nunca mudes que há ainda muito otário disponível para votar em ti”, escreveu o liberal na rede social, no seguimento da resposta de António Costa a João Cotrim Figueiredo, durante o debate de política geral, quando o primeiro-ministro disse ao presidente da IL que estava a falar com um tom idêntico ao do líder do Chega (“É que no André Ventura é genuíno, a si fica-lhe mal”).

Jorge Pires não gostou da forma como Costa se dirigiu a Cotrim e usou o Twitter para expressar a indignação. Contudo, não só o fez através de uma forma racista — ao escrever “monhé” numa referência ao tom de pele e às origens do primeiro-ministro — como se referiu aos eleitores que votaram no PS como “otários”.

Depois de várias denúncias no seguimento da publicação, o membro da IL acabou por ficar com a conta do Twitter bloqueada por 12 horas, não pela publicação em específico, mas por outras publicações que a rede social considerou que violam as regras de conduta.

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Contactado pelo Observador, Jorge Pires desculpou-se pelo tweet, que apagou algum tempo depois da publicação, e admitiu tratar-se de um “exagero“, justificando-se com uma “personalidade temperamental”.

“Peço, desde já, desculpa a quem se possa ter sentido ofendido com as declarações, mas creio que todos termos nas nossas vidas situações onde há exageros e este foi claramente o caso. Tenho uma personalidade temperamental, o que acaba por não ser ideal em política e depois de ouvir as declarações vergonhosas na Assembleia da República ontem, do nosso primeiro ministro, acabei por utilizar uma palavra que não é aceitável, tendo posteriormente apagado”, realçou o membro da IL.

No seguimento do caso, Jorge Pires sublinhou ainda que condena “todo o tipo de descriminação com base em raça, etnia, religião e orientação sexual.”

Questionada sobre o sucedido, a direção da IL referiu que “não comenta questiúnculas ou excessos individuais nas redes sociais” e enalteceu ser “óbvio que condena qualquer tratamento de pessoas com expressões discriminatórias baseadas nas suas características individuais”.

O partido diz ainda que “Jorge Pires não é dirigente da IL, não pertence à equipa efetiva de gestão do núcleo territorial de Cascais e ajuda com o apoio informático”. No entanto, no único sítio público em que essa informação é disponibilizada (o site oficial do núcelo cascaisliberal.pt), Jorge Pires aparece na secção relativa à “Nossa Equipa” e como membro do Pilar de Comunicação do Grupo de Coordenação Local, tendo como funções, precisamente, o Apoio Técnico e Informático.