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O vice-presidente da administração militar civil de Kherson, nomeado pelo Kremlin, sugeriu que o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, deveria considerar matar-se devido às recentes derrotas russas na guerra.
“De facto, muitos dizem que se fossem um ministro da Defesa que permitiu o que se está a passar, eles poderiam, como oficiais, ter-se matado”, disse Kirill Stremousov, citado pela Reuters. Numa mensagem de vídeo de quatro minutos, Stremousov repreendeu publicamente os generais e ministros russos por não compreenderem os problemas na linha da frente da guerra.
Este não foi o único ataque ao ministro russo. Também esta quinta-feira, o general Andrei Kartapolov, antigo vice-ministro da Defesa disse em entrevista que governo tem de “parar de mentir” sobre os desenvolvimentos da situação na Ucrânia. “As atualizações do ministério da Defesa praticamente não mudam em termos de conteúdo”, afirmou, acrescentando que se a situação continuar haverá uma “perda de confiança”. “As pessoas no nosso país não são estúpidas, longe disso. Conseguem ver que se considera desnecessário contar-lhes sequer parte da verdade, quanto mais toda a verdade.”
Russian MP Andrei Kartapolov, a former army general, says the Defence Ministry needs to stop lying in its daily updates on the war
"People are far from stupid. They can see that they're not being told the truth" pic.twitter.com/xxz5hsp1gU
— Francis Scarr (@francis_scarr) October 5, 2022
As críticas públicas às chefias militares são raras na Rússia, mas as recentes derrotas na “operação militar especial” – como Moscovo se refere à invasão da Ucrânia – têm levantado as vozes de alguns aliados do Presidente russo contra os seus generais. Após os fracassos militares, o ministro da Defesa, que tem sido um dos principais braços direitos do Presidente russo, tem sido apontado várias vezes como o principal culpado.
Ainda esta semana, após as forças ucranianas terem recuperado o controlo da cidade de Lyman, o líder checheno, Ramzan Kadyrov, fez saber a sua opinião sob o ministério liderado por Sergei Shoigu. Criticando a falta de logística militar, Kadyrov nunca condenou Vladimir Putin, mas colocou a culpa no Ministério da Defesa. “Não sei que informações o Ministério da Defesa envia ao comandante supremo — Putin –, mas medidas precisam de ser tomadas, como a declaração da lei marcial nas áreas das fronteiras e o uso de armas nucleares de baixo rendimento”, acrescentou.
Putin pressionado e criticado internamente após perda de Lyman
O chefe do mercenários do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, também subscreveu as críticas do líder checheno. O antigo deputado e ex-comandante do 58º Corpo de Exército, Andrey Gurulyov, foi ainda mais longe, dizendo mesmo que as tropas russas não souberam avaliar de “forma adequada a situação”.
