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Quando a NATO lançou o alerta, no domingo passado, o submarino Belgorod fez manchetes em todo o mundo: a arma do Apocalipse “está em movimento”, foi a mensagem enviada a todos os 30 estados membros pela Aliança Atlântica. O maior submarino do mundo saiu da sua base no Ártico e desapareceu de vista. Agora, voltou a emergir no Mar de Barents, parte do Oceano Glacial Ártico, a norte da Noruega e da Rússia, e a sua presença foi detetada por imagens satélite.

A poderosa “arma do apocalipse” de Putin está em movimento. NATO alerta todos os estados membros

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O Belgorod pode ser equipado com o sistema de mísseis Poseidon, tido como o mais poderoso do planeta, e descrito como capaz de lançar um torpedo a uma distância de 10 mil quilómetros, o que poderia, alegadamente, causar um tsunami radioativo.

Apesar de ser esse o medo da NATO — que a Rússia se prepare para testar o armamento, mesmo que sem ogivas nucleares, segundo escreveu o jornal italiano La Repubblica —, em Espanha surge outra teoria. Num artigo publicado no El Mundo, o jornalista Pablo Pardo, correspondente nos Estados Unidos, defende que a ameaça do Poseidon e do Belgorod não são reais.

“Os relatos [da imprensa] certamente seriam aterradores, não fosse o fato de que o Belgorod não tem, até onde se sabe, nada de excecional, e o Poseidon não existe, e provavelmente nunca existirá, porque é uma arma que não pode ser fabricada (e, claro, dado o desastre da tecnologia militar russa, se algum país o fizer, não será aquele)”, escreve o jornalista espanhol. Na sua opinião, ambos são antes “um exemplo do estado catastrófico das Forças Armadas russas”.

O submarino começou a ser construído em julho de 1992, lê-se no El Mundo, “ou seja, seis meses após a URSS deixar de existir”, mas só foi lançado 27 anos depois, em 2010. “Em 2020, foi entregue à Marinha Russa. E em julho passado, 30 anos após o início das obras, finalmente entrou em serviço. O Belgorod pode ser o submarino mais terrível do Universo. Nós não sabemos disso. O que podemos dizer é que os egípcios levaram menos tempo para terminar as pirâmides.”

Pablo Pardo considera que a maior ameaça dos submarinos russos são a suas próprias tripulações, dada a sua propensão para sofrer acidentes. Isso, considera, deixou o fundo dos oceanos cheio destas embarcações.

O Poseidon será, em tese, um veículo subaquático autónomo, ou seja, sem tripulação, com alcance de quase 20.000 quilómetros, o que permitirá atingir praticamente qualquer lugar do mundo, que funcionará com um reator nuclear, e cuja ogiva será uma bomba atómica de cem megatons, ou seja, cerca de 7.000 vezes a bomba de Hiroshima.”

Segundo a Rússia, escreve o jornalista, o sistema já está em fase de testes, mas tem demasiadas dificuldades técnicas, como, por exemplo, colocar o reator nuclear no torpedo. Alem disso, a forma como se movimentará é outra questão por resolver.

“No caso de os engenheiros russos terem conseguido tal feito, permanece a questão de onde o torpedo autónomo se moverá. Porque sabemos mais sobre a superfície de Marte do que sobre o fundo do mar, e ter um navio autónomo, guiado por um homem em, digamos, Moscovo, através de um oceano onde submarinos nucleares literalmente colidem com montanhas que não estão nos mapas, seria mais um marco”, escreve Pablo Pardo. “Mas ainda não terminamos: dar ordens ao Poseidon seria quase impossível, porque a tecnologia disponível torna mais fácil a comunicação com o espaço sideral do que com as profundezas do mar.”