Uma das principais marcas da Stellantis, a Peugeot, anunciou pretender reforçar a oferta de motorizações electrificadas, que para os franceses se resumia, até aqui, exclusivamente a motores híbridos plug-in. A partir do início de 2023, os Peugeot 3008 e 5008 vão começar a oferecer mecânicas híbridas, que reduzem o consumo e emissões. Contudo, sem a possibilidade de poder percorrer pelo menos 50 km em modo eléctrico. São uma alternativa mais barata aos híbridos plug-in (PHEV), ideais para aqueles condutores que, por não quererem ou não poderem, raramente ou nunca recarregam as baterias.

As mecânicas híbridas plug-in, em que um motor a combustão é ajudado por um potente motor eléctrico alimentado por uma bateria, que garante a possibilidade de percorrer um mínimo de 50 km em modo exclusivamente eléctrico, parecem ter o futuro ameaçado. Por os estudos apontarem o dedo a estas motorizações PHEV, acusando-as de serem tradicionalmente mal utilizadas (sobretudo pelos clientes empresariais), que raramente recarregam a bateria, há países como a Alemanha – e tudo indica que outros se seguirão – que querem retirar-lhes as ajudas financeiras, o que as condenará à morte.

Se até aqui os PHEV foram essenciais para as marcas, especialmente as alemãs que sempre se apoiaram em motores muito potentes e muito “gulosos” por combustíveis fósseis, por a regulamentação europeia lhes permitir anunciar consumos de 1 a 2 litros e emissões de 30 g de CO2/km, perfeitamente inverosímeis, a realidade é que a generalidade dos fabricantes hoje já não necessita das artificialmente baixas emissões dos PHEV para cumprir as emissões de dióxido de carbono (CO2) impostas por Bruxelas. Com a crescente quantidade de veículos eléctricos actualmente propostos pelos construtores, o que será reforçado nos próximos anos, os PHEV deixarão em breve de serem necessários para reduzir as médias de CO2. E como são mais caros de conceber, ao necessitarem de motores potentes a gasolina e eléctricos, estes últimos alimentados por baterias com capacidades acima de 13 kWh, cujo valor implica um custo adicional no preço final do veículo, depressa deixarão de ser interessantes para os construtores.

Na gama da Peugeot, nota-se a presença dos primeiros híbridos que vão passar a conviver entre os 100% eléctricos e os híbridos plug-in

Face aos PHEV, os híbridos (HEV) montam motores eléctricos menos possantes e baterias mais pequenas, com cerca de 1,5 kWh de capacidade, ou seja, cerca de 10% das que equipam os PHEV. Isto reduz os custos e o peso, tornando esta tecnologia mais acessível, garantindo ainda assim um menor “apetite” por combustível. E para mercados que estão a pensar virar as costas aos PHEV, os HEV podem constituir uma alternativa interessante, especialmente em zonas onde a oferta de uma rede para recarregar os acumuladores não existe ou é ineficaz.

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Para os 3008 e 5008 híbridos, a Peugeot vai propor, a partir do início de 2023, uma mecânica híbrida que não recorre ao motor 1.6 Turbo que utiliza nos PHEV. Em vez dele, será uma nova unidade da família PureTech com 136 cv, provavelmente concebida a partir do 1.2 de quatro cilindros sobrealimentado que fornece 130 cv na versão não electrificada.

Para a versão HEV, a Peugeot promete um consumo 15% inferior, bem como a capacidade de percorrer 1 km, em determinadas condições, apoiado apenas no motor eléctrico. Isto significa que face ao 3008 equipado apenas com o 1.2 PureTech de 130 cv, que anuncia um consumo de 6,2 l/100 km e 139 g de CO2/km, o 3008 HEV de 2023 deverá anunciar pelo menos 5,2 l/100 km e 118 g de CO2/km. Uma redução interessante face ao esperado reduzido incremento no preço.

A nova mecânica HEV com 136 cv, associada a uma igualmente nova caixa de velocidades de dupla embraiagem, que surgirá primeiro nos SUV como o 3008 e 5008, será posteriormente alargada a outros modelos da gama Peugeot e, certamente, até de outras marcas do Grupo Stellantis, especialmente as que vendem no mercado europeu, onde estas limitações são mais importantes.