O Banco de Inglaterra admite, afinal, prolongar a intervenção nos mercados de obrigações – uma informação que foi transmitida, em privado, a responsáveis do setor financeiro e que chegou ao Financial Times. A disponibilidade do banco central para, se achar necessário, manter os apoios ao setor financeiro (em particular, aos fundos de pensões muito investidos em dívida do Tesouro britânico) acalmou a enorme turbulência que se gerou, na noite de terça-feira, quando o líder do banco central garantiu que o plano de intervenção terminaria esta sexta-feira.
As tensões em torno do sistema financeiro do Reino Unido têm sido um dos principais focos de preocupação nos mercados nas últimas semanas, com a desvalorização das obrigações soberanas britânicas – gerada pelos planos orçamentais do governo de Liz Truss – a colocar o sistema privado de pensões sob pressão e a contaminar o sentimento geral nas bolsas de valores.
O Banco de Inglaterra tem em curso um plano de intervenção, através da compra de obrigações, para segurar o valor desses títulos e atenuar a pressão de venda. Esse plano tem termo previsto na próxima sexta-feira, mas muitos participantes do mercado têm manifestado confiança de que o banco central vai continuar ativo no mercado – porém, numa conferência à hora de jantar na terça-feira, o governador Andrew Bailey descartou a hipótese de se prolongar o apoio, o que gerou uma enorme e súbita instabilidade nos mercados financeiros mundiais.
Pouco tempo depois, contudo, chegou à imprensa a informação de que o banco central tinha, em privado, transmitido a informação de que, se for necessário, o banco central britânico poderá prolongar os apoios por mais tempo. A notícia levou a uma recuperação do valor da dívida britânica e da libra esterlina, muito penalizada na noite anterior, proporcionando também um maior otimismo nas bolsas europeias e na pré-abertura da sessão norte-americana.