No 240.º dia de guerra a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou que a Ucrânia irá receber 18 mil milhões de euros no próximo ano.

“É muito importante que a Ucrânia tenha um fluxo de rendimento estável e previsível e precisa de 3 a 4 mil milhões de euros por mês para satisfazer as necessidades básicas“, afirmou Von der Leyen, explicando que o montante “vai ser financiado pela UE, pelos amigos americanos e pelas instituições financeiras”, explicou. No total, serão cerca de 18 mil milhões de euros para o próximo ano, que acrescem aos 19 mil milhões estimados para este ano de 2022.

Esta sexta-feira, a Ucrânia pediu à Organização das Nações Unidas e União Europeia que enviem observadores para a central hidroelétrica de Kakhovka (Kherson), noticiou a agência NEXTA.

Na quinta-feira, o Presidente ucraniano acusou a Rússia de preparar um “desastre de larga escala” ao colocar minas na barragem e em algumas unidades da central. Ecoava um aviso do Instituto do Estudo da Guerra, que disse que as forças russas estariam a planear inundar Kherson através de um ataque de “bandeira falsa”, de modo a culpar a Ucrânia.

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A Rússia já tinha feito um alerta semelhante, mas apontando a central de Kakhovka como um dos possíveis alvos de um ataque das forças ucranianas.

O dia também ficou marcado por um pedido do Reino Unido, da França e da Alemanha para que a Organização das Nações Unidas inicie uma investigação ao alegado uso de drones de origem iraniana para atacar a Ucrânia.

Os três países acusam a Rússia de recorrer a drones do Irão para atacar infraestruturas em território ucraniano, sublinhando que se trata de uma violação da resolução 2231 (2015) do Conselho de Segurança da ONU, que apoiava o acordo nuclear do Irão.

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O que aconteceu durante a noite?

  • O Presidente da Ucrânia afirmou que a situação da Iniciativa de cereais do Mar Negro tem ficado cada vez mais “tensa” ao longo das últimas semanas. No habitual discurso, Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de atrasar a passagem de 150 navios que deveriam transportar cereais através do Mar Negro.
  • O Presidente da Guiné-Bissau e presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Umaro Sissoco Embaló, disse que viaja sábado para a Rússia e a Ucrânia com uma “mensagem de paz”.
  • O embaixador ucraniano junto à ONU acusou a Rússia de estar a preparar terreno para um “desastre de grande escala” no sul da Ucrânia, ao minar a barragem de Kakhovka, uma das maiores centrais energia do país.
  • Os Estados Unidos advertiram “diretamente” a Rússia de que vai haver consequências se usar armas nucleares contra a Ucrânia. “Comunicamos de forma muito clara e diretamente à Rússia que haverá consequências para qualquer uso de armas nucleares”, reforçou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
  • O Grupo de Ação Financeira, um organismo intergovernamental que tem como objetivo desenvolver e promover políticas de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo, impôs mais restrições à Federação Russa devido à invasão da Ucrânia, inibindo-a de participar em projetos atuais ou futuros.
  • Imagens de satélite captadas pela Maxar Technologies e divulgadas pela CNN mostram que as forças russas estão a construir uma fortificação de quase dois quilómetros fora da cidade de Hirske, na região de Lugansk.
  • O primeiro-ministro da Ucrânia, Denis Shmigal, alertou que as Forças Armadas russas podem atacar as instalações de abastecimento de água e aquecimento, além das infraestruturas elétricas.
  • As forças ucranianas atacaram rotas de reabastecimento militares da Rússia em Kherson, uma das principais áreas urbanas ocupadas pelos invasores no início da guerra, tendo em vista um ataque em larga escala às posições russas na região.
  • Os ataques aéreos russos atingiram pelo menos metade das centrais elétricas ucranianas desde 10 de outubro, afirmou o ministro da Energia ucraniano.
  • A Procuradoria da República da Ucrânia divulgou novos dados sobre os crimes russos no país. Foram registados 41.085 crimes de guerra e de agressão e 18.145 crimes contra a segurança nacional. Durante o conflito já terão morrido 428 crianças e 817 ficaram feridas.

O que aconteceu durante a tarde?

  • O ministro de Energia ucraniano disse que não viu sinais de progresso quando a um acordo que envolva a Rússia e Nações Unidas para resolver a situação na central nuclear de Zaporíjia.
  • O Kremlin disse que os europeus ficariam “surpreendidos” se soubessem a verdade sobre as explosões na origem das fugas nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que transportam gás russo para a Europa.
  • A Bielorrússia não planeia juntar-se à Rússia na guerra na Ucrânia, garantiu o Presidente Alexander Lukashenko, negando os rumores de uma mobilização. “Não vamos a lado nenhum hoje. Nenhuma guerra por agora. Não precisamos disso”, afirmou, segundo a agência russa TASS.
  • O ministro de Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, conversou esta sexta-feira com o homólogo norte-americano, Lloyd Austin, para discutir assuntos de segurança internacional, incluindo a situação na Ucrânia. Em comunicado, o Pentágono disse que Austin sublinhou a importância de manter as linhas de comunicação durante a guerra na Ucrânia.
  • A relação da UE com a China foi um dos temas do Conselho Europeu. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, lembrou que a China “tem um sistema fundamentalmente diferente” e que é preciso “estar muito atentos em termos de eventuais dependências”.
  • O Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que haverá “conferência em Berlim” sobre a utilização de “bens sancionados” para “reconstrução da Ucrânia”.
  • O porta-voz do regime russo Dmitry Peskov alegou que o Kremlin esteve sempre disponível para negociar com a Ucrânia, “desde o exato início”, e que “nada mudou” relativamente à abertura negocial da Federação Russa para terminar a “operação militar especial”, expressão que utilizam para se referem guerra.

O que aconteceu durante a manhã?

  • A administração pró-russa de Kherson acusou as tropas ucranianas de terem matado quatro pessoas e ferido dez num bombardeamento à ponte Antonovsky, neste território do leste da Ucrânia ocupado e anexado pela Rússia. A Ucrânia já confirmou o ataque, mas nega que civis tenham ficado feridos.
  • A cidade de Zaporíjia foi abalada, esta manhã, por várias explosões causadas por mísseis S-3000 (de fabrico russo) – repetindo-se aquilo que já aconteceu algumas vezes esta semana. O governador local, Oleksandr Starukh, confirmou o ataque e pediu aos habitantes que procurem abrigo. Mais tarde, o mesmo responsável indicou que os ataques terão feito três feridos.
  • O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a responder se o Presidente russo Vladimir Putin deu uma ordem às forças russas para se retirarem da região ucraniana de Kherson — onde as forças fiéis a Kiev têm conseguido avanços, na sequência de uma contra-ofensiva feita naquele local.
  • As autoridades russas alegaram ter conseguido destruir na região de Kherson um “depósito de armazenamento” com “equipamento militar ucraniano fabricado no estrangeiro” e enviado por aliados a Kiev.
  • O Parlamento Europeu decidiu: vão mesmo ser rejeitados em espaço europeu os vistos russos emitidos nas regiões ucranianas anexadas (que o PE não reconhece como parte da Federação Russa), bem como nos territórios separatistas da Geórgia.
  • O Irão apelou a todos os seus cidadãos que saiam da Ucrânia. “Devido à escalada militar na Ucrânia, todos os iranianos são aconselhados a evitarem viagens para a Ucrânia”, diz o ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano. “Além disso, os iranianos que estão na Ucrânia devem sair do país, para a sua própria segurança”, acrescenta o comunicado citado pela Reuters.
  • O Presidente norte-americano, Joe Biden, criticou na quinta-feira os republicanos por quererem reduzir o financiamento à Ucrânia em caso de vitória nas eleições intercalares de novembro.