Andrew Wylie, o agente literário de Salman Rushdie, revelou que o escritor ficou cego de um olho e com uma mão inutilizada na sequência do ataque em Nova Iorque, em agosto passado.

Em entrevista ao jornal El País, o norte-americano de 74 anos, “um dos agentes literários mais poderosos do mundo”, com escritórios em Nova Iorque e Londres, adiantou que as feridas do autor de Versículos Satânicos foram “profundas, e que ele também perdeu a visão de um olho”. “Tinha três feridas graves no pescoço. Uma mão ficou incapacitada porque os nervos do braço foram cortados.”

Salman Rushdie: “As pessoas estão muito alienadas da democracia e isso é muito perigoso”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo Wyle, Rushdie ficou também com “cerca de outras 15 feridas no peito e torso”. “Foi um ataque brutal”, afirmou o agente, que se recusou a revelar o paradeiro do escritor. Wyle garantiu, no entanto, que Rushdie “vai viver” e que “isso é o mais importante”.

Questionado sobre se considera que o ataque ao autor depois de tantos anos do lançamento da fatwa a partir do Irão é sinónimo de que vivemos tempos particularmente perigosos no que diz respeito à liberdade de expressão, Wyle confessou que tinha conversado com Rushdie sobre o facto de atualmente o maior perigo residir num ataque isolado.

“Não nos podemos defender contra isso, porque é totalmente inesperado e sem lógica. Foi como o assassinato de John Lennon”, comparou.

Vendas de “Os Versículos Satânicos” aumentam mas não em Portugal

Salman Rushdie, um dos mais importantes escritores de língua inglesa, foi esfaqueado em agosto na Chautauqua Institution, em Nova Iorque, onde ia participar num evento moderado por Henry Reese, um dos fundadores de uma organização que oferece proteção a escritores ameaçados. O escritor foi transportado em estado grave para o hospital.

Rushdie foi obrigado a esconder-se no final dos anos 80 quando, na sequência da publicação de Os Versículos Satânicos, inspirado na vida do profeta Maomé, Aiatola Khomeini lhe lançou uma fatwa. Ultimamente, o autor, que reside nos Estados Unidos, levava uma vida praticamente normal.