Um fuselo de apenas cinco meses demorou 11 dias e uma hora para voar 13.560 quilómetros sem parar em nenhum momento. O pássaro partiu do Estado do Alaska, nos Estados Unidos da América e viajou até à Tasmânia, Estado australiano.
Aguenta treinar durante 10 dias sem parar para comer ou dormir? Há uma pequena ave que consegue
O tempo que o Limosa lapponica — nome científico — demorou a realizar o percurso foi registado na rede social Facebook do Pukorokoro Miranda Shorebird Centre, uma organização não-governamental para os amantes de aves.
Segundo o The Guardian, que cita o Instituto Max Planck de Ornitologia, a ave migratória atravessou o Oceano Pacífico — com passagem pelo Havai — até aterrar em Ansons Bay, uma cidade rural na Tasmânia. Tendo partido a 13 de outubro, o fuselo atingiu metade do caminho a 19 de outubro quando passou pelo Kiribati, terminando-o no dia 25 do mesmo mês. Foi tudo monitorizado por um dispositivo 5G colocado pelos cientistas nas costas da ave e associado a um satélite.
Wonderful news on ultramarathon flying Bar-tailed Godwits. Satellite tracked bird has flown NONSTOP from Alaska to Tasmania for the first time! What a trip! Thanks @miranda_trust, Max Planck Institute and others for this work drawing our world together. Nature is wild! 1/2 pic.twitter.com/NnT0QtLCUx
— Andrew Darby (@looksouth) October 24, 2022
O episódio surpreendeu os investigadores. Sean Dooley, da BirdLife Australia, explica as fases de migração destas aves em diferentes épocas da vida:
A coisa mais incrível é que os jovens migram separados dos adultos. Os mais velhos partem do Ártico, por vezes seis semanas antes do suposto. Esta ave devia estar incluído em bando. O recorde é batido de um voo continuo e é inacreditável”, manifesta Dooley.
O jovem fuselo bateu o recorde anteriormente atingido por um adulto da mesma espécie que tinha percorrido “apenas” 13 mil quilómetros — passando o seu próprio máximo de 12 mil quilómetros. Os maçaricos parecem ser assim “corredores de fundo”: já em 2016 um outro fizera cerca de 6 mil quilómetros, da Islândia para a Guiné-Bissau, sem comer nem beber. De acordo com o mesmo investigador australiano os fuselos têm um sistema fisiológico especial, em que acumulam bolsas de gordura que lhe permitem estar vários dias sem se alimentarem, como se fosse uma “ave-camelo”.
Maçarico. A ave que voa da Islândia à Guiné-Bissau sem comer, nem beber
Atualizado às 15h40