Quatro partidos da oposição ao PL de Jair Bolsonaro e Carla Zambelli já deram entrada de pedidos para que a deputada federal perca o mandato. Depois de, no sábado, Carla Zambelli se ter envolvido em confrontos e ter empunhado uma arma enquanto perseguia um homem, os partidos da oposição tentam agora a via do Conselho de Ética, alegando que a parlamentar violou o “decoro”.

A alegação de que Zambelli podia ser condenada por ter violado a lei eleitoral que determina a proibição de uso e porte de arma nas imediações das secções eleitorais já caiu. Foi a própria Secretaria de Segurança Pública que, numa nota, confirmou que a perseguição aconteceu “a mais de 100 metros de uma secção eleitoral” e que, por isso, “não deve ser enquadrada como descumprimento da resolução eleitoral” de dezembro que proíbe o transporte de armas nas 48 horas anteriores ao dia de votação e nas imediações dos colégios eleitorais.

Com essa via fechada, os partidos da oposição fazem agora valer-se daquilo que alegam ser a “quebra de decoro” por parte da parlamentar, que foi gravada de arma em punho atrás de um homem pelas ruas de São Paulo.

As queixas são dirigidas ao Conselho de Ética da Câmara brasileira e para que a parlamentar perca efetivamente o mandato é necessário que a maioria absoluta dos deputados o aprovem, ou seja, são necessários 257 votos para que os processos agora movidos pela oposição surtam efeito.

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Além dos processos movidos pela oposição, também os cidadãos brasileiros, outras entidades civis ou ainda deputados a título individual podem apresentar denúncias que passam pela “Corregedoria e pela Mesa Diretora”, segundo o jornal brasileiro Estadão.

Em causa o incidente que envolveu a deputada e um apoiante de Lula da Silva no sábado em São Paulo. No Twitter foram publicados vários vídeos, registados em ângulos diferentes, que permitem reconstituir o que aconteceu, embora não haja um único vídeo que permita assistir ao desenrolar dos acontecimentos sem qualquer corte.

A própria deputada publicou um vídeo no Instagram onde diz ter sido “cuspida” pelo homem e “insultada” e que só reagiu depois de ter sido “empurrada”, embora os vídeos mostrem o momento em que Zambelli caiu ao chão e seja possível ver que nesse momento já o homem que depois foi perseguido estava a afastar-se do local onde discutiram.

Apoiantes de Lula da Silva consideram que tudo não passou de uma “farsa”, que foi “orquestrada” pela deputada e têm-se multiplicado nas publicações de vídeos registados em vários ângulos para mostrar o que terá acontecido.

Há ainda vídeos, registados de frente a Zambelli, onde é possível ver a parlamentar de arma ao alto atrás do homem e onde se ouve um disparo. Já este domingo, as autoridades brasileiras confirmaram que o disparo foi feito pelo segurança de Carla Zambelli.

O homem é um polícia militar, que estava de folga, e foi detido. Só depois de pagar uma fiança equivalente a um salário mínimo do país foi novamente colocado em liberdade. Durante o tempo que esteve detido o homem foi sujeito a uma análise aos resíduos nas mãos que confirmou um disparo.