O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) agradeceu esta quinta-feira às Nações Unidas e à Turquia por mediarem a reativação do acordo para exportação de cereais da Ucrânia através do Mar Negro, aceite pela Rússia na quarta-feira.

“A UE está grata pelo papel da ONU [Organização das Nações Unidas] e da Turquia na decisão da Rússia de regressar à iniciativa para [permitir exportar] cereais através do Mar Negro”, reagiu Josep Borrell, numa publicação na rede social Twitter.

Vincando que “os alimentos nunca devem ser utilizados como arma de guerra”, o chefe da diplomacia comunitária destacou que “a exportação de cereais é crucial para enfrentar a crise alimentar global exacerbada pela Rússia”, que invadiu a Ucrânia há quase nove meses.

“Apelo a todas as partes para que renovem este compromisso”, adiantou Josep Borrell.

Seis cargueiros carregados com cereais deixaram os portos ucranianos na quinta-feira, depois de o tráfego ter sido retomado no dia anterior, anunciou o Ministério da Defesa turco.

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Os navios vão utilizar o corredor humanitário seguro no mar Negro, rota que já permitiu a exportação de 9,7 milhões de toneladas de cereais e outros produtos agrícolas da Ucrânia, apesar do conflito, graças ao acordo internacional assinado em julho, sob a égide da Turquia e das Nações Unidas.

De acordo com o Ministério da Defesa turco, citado pela agência oficial de notícias turca, 426 navios cruzaram já esta rota segura desde 1 de agosto.

A Rússia retomou, na quarta-feira, a participação no acordo de exportação de cereais ucranianos, depois de indicar ter recebido “garantias escritas” da Ucrânia sobre a desmilitarização daquele corredor marítimo.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da Turquia, país garante do negócio de cereais, crucial para o abastecimento alimentar mundial, especialmente em África e no Médio Oriente, têm trabalhado para ultrapassar as objeções russas.

Antes, na sexta-feira, Moscovo tinha suspendido a participação no acordo, na sequência de um ataque com drone (aparelho não tripulado), na região da Crimeia anexada.

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou a fuga de milhões de pessoas e a morte de milhares de civis, segundo as Nações Unidas, que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).