A Toyota é sempre uma referência no que respeita ao volume de vendas e aos lucros, uma vez que se trata da marca que mais vende no mundo, em termos individuais, representando ainda a fatia de leão do Grupo Toyota, que lidera a produção e as vendas globais de veículos, consórcio que integra ainda a Lexus, a Daihatsu e a Hino. Talvez por isso seja ainda mais impressionante o facto de a Nikkey Asia ter avançado que o lucro que a Toyota obtém por veículo vendido é muito inferior ao conseguido pela Tesla.

De acordo com a publicação japonesa, a Tesla, um dos mais jovens construtores do mercado e que apenas produz veículos eléctricos, anunciou lucros líquidos no 3.º trimestre de 3,29 mil milhões de dólares, enquanto no mesmo período a Toyota obteve lucros brutos de 434,2 mil milhões de ienes. Se este número impressiona, torna-se relativamente interessante, por comparação com o da Tesla, assim que o convertemos em dólares, o que o reduz para apenas 3,15 mil milhões de dólares. Mas segundo a filial japonesa da Goldman Sachs, se considerarmos a desvalorização do iene e o encerramento da produção da Toyota na Rússia, que custou à marca 96,9 mil milhões de ienes, então o lucro net da Toyota sobe para 4,08 mil milhões de dólares, enquanto a correcção de valores apenas eleva os lucros da Tesla para 3,69 mil milhões de dólares.

A proximidade entre os valores relativos aos lucros das duas empresas, sobretudo tendo em conta a diferença entre o volume de produção, aponta para uma rentabilidade muito superior do construtor norte-americano. E é esta a conclusão também do Nikkey Asia, que recorda que, no 3.º trimestre de 2022, o Grupo Toyota comercializou 2,62 milhões de unidades, contra apenas 344.000 da Tesla. Isto significa que a Toyota tem um lucro líquido por veículo vendido de 1200 dólares, um valor bem inferior aos 9570 dólares conseguidos pela Tesla, ou seja, 7,6 vezes menos.

Este nível de rentabilidade da marca norte-americana não seria possível de conseguir sem os enormes investimentos que a Tesla realizou até aqui, pois só assim consegue ser o único construtor a possuir cinco fábricas especializadas na produção de veículos e baterias, concebendo e produzindo a maioria das baterias que necessita para os seus modelos. É ainda sua a única fábrica de modelos eléctricos capaz de superar 1.000.000 de veículos por ano, em Xangai. A Tesla também concebe os seus próprios chips e software, concentrando em si própria os investimentos que lhe permitem agora ter os menores custos por unidade fabricada, tendo ainda “descoberto” as GigaPress, as prensas gigantes que são capazes de produzir uma plataforma actual com apenas três peças, com a Tesla a prometer já um futuro modelo compacto, eventualmente um Model 2, cuja plataforma consistirá apenas numa peça, formada numa prensa única.

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Não deixa de ser curioso que o melhor trimestre de sempre da Tesla, em termos de volume de produção, de vendas e de lucro, tenha sido conseguido no 3.º trimestre de 2022, um período em que a indústria automóvel ainda enfrentou muitas limitações devido à crise dos componentes e à invasão da Ucrânia. A Forbes esmiuçou os resultados anunciados pela Tesla e identificou 3,29 mil milhões de dólares em lucros líquidos, com uma facturação total de 21,45 mil milhões de dólares, entre os quais 18,69 resultam exclusivamente da venda de automóveis.

A prova que a Tesla está no bom caminho está no incremento dos lucros, que evoluíram de 1,62 mil milhões de dólares em 2021 para 3,29 no mesmo trimestre de 2022, apesar dos problemas causados pelo incremento dos preços das matérias-primas, bem como as dificuldades encontradas à medida que a marca tentava aumentar o ritmo de produção nas fábricas de Berlim e do Texas.

A facturação da Tesla tem sobretudo três fontes, com a venda dos veículos a contribuir com 17,785 mil milhões de dólares, enquanto a venda de créditos de carbono rendeu 286 milhões e as vendas de automóveis através do crédito da Tesla contribuíram com mais 621 milhões. Isto perfaz os já avançados 18,69 mil milhões de dólares, o que representa um aumento de 55% face ao mesmo período de 2021.

Paralelamente à venda de automóveis, a Tesla facturou 1,12 mil milhões na divisão de produção de energia e 1,65 mil milhões dos vários serviços cobrados, como a recarga de veículos eléctricos nos Superchargers e a venda de merchandise, apurou a Forbes.