O secretário de Estado do Ensino Superior considerou esta segunda-feira que os protestos não podem colidir com o normal funcionamento das instituições ao comentar a detenção de quatro alunos devido à ocupação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

E quando nós dizemos o normal funcionamento das instituições, é, também, condicionar a liberdade de todos os outros – estudantes, professores, funcionários – que também não podem ser constrangidos ou condicionados pelo direito à manifestação e à livre expressão de opiniões por parte de alguns”, afirmou à agência Lusa, em Leiria, Pedro Nuno Teixeira.

Ao longo da última semana, jovens ativistas promoveram um protesto que passou pela ocupação de escolas secundárias e faculdades em Lisboa a apelar à preservação do planeta.

No sábado, durante uma marcha pelo clima, dezenas de manifestantes invadiram um edifício em Lisboa onde decorria um evento privado onde estava António Costa Silva, que mais tarde considerou a manifestação “absolutamente legítima”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Todas as ocupações decorreram de forma pacífica, mas o diretor da Faculdade de Letras da Faculdade de Lisboa chamou a polícia, que retirou os estudantes, tendo quatro deles sido detidos e ouvidos esta segunda-feira em tribunal, estando o julgamento marcado para dia 29.

O secretário de Estado salientou que “as instituições têm autonomia, portanto, fazem essa gestão dos espaços”.

Nós temos estado em contacto com as instituições, nomeadamente com o caso da Universidade de Lisboa, e aquilo que sabemos, aliás aquilo que foi dito pela Universidade de Lisboa, é que procurou-se ter o melhor acolhimento relativamente aos estudantes, tentando respeitar a liberdade de expressão dos estudantes, mas também que isso não impedisse o normal funcionamento da instituição, nomeadamente a liberdade dos outros estudantes que não queriam participar e queriam ter a normal frequência”, referiu.

O governante adiantou que “houve uma altura em que a instituição teve de fechar as instalações e foi pedido aos estudantes, que eram muito poucos, que saíssem”.

“Pelo que eu sei, a maior parte saiu. Houve alguns que se recusaram a sair e, portanto, aí a instituição teve de recorrer ao uso da polícia, para poder fechar as instalações por uma questão de segurança do próprio espaço”, esclareceu.

Questionado sobre se considerou excessivo o pedido do diretor, Pedro Nuno Teixeira remeteu a pergunta para aquele, porque “tem mais elementos” e “teve capacidade para avaliar as circunstâncias”.

Quanto ao facto e aqueles estudantes irem ser julgados no dia 29, o governante notou não ter elementos suficientes para se pronunciar.

Num comunicado divulgado na segunda-feira os ativistas lembram que na última semana ocuparam duas escolas e quatro universidades sempre com as duas reivindicações (fim dos combustíveis fósseis até 2030 e demissão do ministro da Economia e do Mar), e acrescentam que dão por fim à vaga de ocupações.