A eleição para a Comissão Política Distrital de Faro do PAN não vai repetir-se após a saída de 10 dirigentes da lista vencedora, segundo fonte da direção do partido, que indicou que serão substituídos pelos elementos da segunda lista.

Na segunda-feira, 10 elementos da Comissão Política Distrital de Faro do PAN (oito efetivos e dois suplentes) anunciaram que deixaram as suas funções, alegando “não estarem garantidas as condições mínimas” para continuarem naquele órgão eleito há um mês.

Os elementos agora demissionários foram eleitos pela Lista A, encabeçada por Ana Poeta, deputada municipal em Loulé, que venceu por dois votos de diferença (23-21) a Lista B, liderada por Saúl Rosa, líder da concelhia do PAN de Vila Real de Santo António, no escrutínio realizado em 15 de outubro.

Fonte da direção do Pessoas-Animais-Natureza indicou à agência Lusa que “não tendo havido impugnações às eleições”, a estrutura do Algarve “irá desenvolver o seu trabalho para o qual está mandatada, sendo que, como em qualquer órgão democrático, sempre que há uma demissão, há lugar à sua substituição”.

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Questionada se os mandatos atribuídos à lista A passarão agora para a lista B (que elegeu sete efetivos e três suplentes), a mesma fonte indicou que “sim, tem a ver com o método Sainte-Laguë”, o método usado pelo partido para a distribuição de mandatos nas eleições para os seus órgãos.

A direção do PAN apontou que, de acordo com este método, “o número de votos obtidos é divido sucessivamente por números ímpares, gerando uma grelha final ordenada”. “É com recurso a essa grelha composta pelas pessoas integrantes das listas a eleição que é determinada a ordem de quem é eleito e, por conseguinte, das pessoas que as substituirão, seguindo sempre a ordem de atribuição de mandatos”, justificou o partido liderado por Inês de Sousa Real.

Alexandre Pereira, um dos demissionários, indicou à Lusa na segunda-feira que “o trabalho interno tornou-se hostil e insustentável” e que “há pessoas a servir-se do PAN para os seus objetivos pessoais”.

O dirigente, número dois da lista, alegou que o processo eleitoral decorreu de “forma pouco clara e transparente, com irregularidades que entretanto foram comunicadas à direção nacional”, e afirmou que estava à espera de um esclarecimento uma vez que os estatutos são omissos em relação a esta questão.

A Lusa questionou também o PAN se os órgãos nacionais tiveram conhecimento de irregularidades no âmbito da eleição e o que foi feito na sequência das denúncias, mas o partido recusou responder, sustentando que “não irá discutir processos internos publicamente sendo que deseja as maiores felicidades aos filiados/as que fazem parte da Comissão Política Distrital de Faro e espera o seu máximo empenho e dedicação para com a região”.

A direção do partido referiu também que “se tratou de um processo eleitoral com muita disputa, representativo da vivacidade de um partido plural” e defendeu que “num processo eleitoral se exige responsabilidade e postura democrática tanto de quem vence, como de que não vence”.

Entre os elementos demissionários da Comissão Política Distrital do Algarve do PAN estão os cinco autarcas eleitos nas legislativas de 2021 para as assembleias municipais e de freguesia dos municípios de Faro, Loulé, Portimão e Olhão.