Carlos Costa “foi muito corajoso” no caso BES e Passos Coelho “fez o que estava ao seu alcance” e “o que fez teve os seus resultados”, é a avaliação de Teixeira dos Santos, em entrevista ao Diário de Notícias-TSF esta sexta-feira, na sequência da apresentação do livro “O Governador”, na qual marcou presença.

Para o ex-ministro das Finanças de José Sócrates , Carlos Costa — que está no centro da polémica com António Costa, a quem acusa de intromissão política no Banco de Portugal e ter sido pressionado para não afastar Isabel dos Santos do EuroBic —  “e a instituição que representava tiveram muita coragem para afrontar alguém como Ricardo Salgado, uma pessoa com poder financeiro e com influência”. E sublinha: “Ele teve essa ousadia e, no meu entender, acho que isso é um sinal de determinação da entidade de supervisão perante um grande banco.”

António Costa pressionou Carlos Costa para não retirar Isabel dos Santos do BIC

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Carlos Costa foi governador do Banco de Portugal, entre 2010 e 2020 e Teixeira dos Santos destaca que, “pela primeira vez na nossa história, houve um governador que ousou pôr em causa a manutenção de alguém como Ricardo Salgado à frente de um banco importante como era o BES”.

Teixeira dos Santos era ministro das Finanças quando Portugal fez o pedido de ajuda externa que trouxe a troika ao país. E em relação ao Governo PSD que lhe sucedeu, Passos Coelho “ fez o que estava ao seu alcance e o que fez teve os seus resultados”, disse Teixeira dos Santos. “O país precisava de fazer um ajustamento económico e financeiro e, no essencial, esse ajustamento foi conseguido e creio que isso tornou o país mais forte, depois de um período que foi difícil e de muitos sacrifícios para os portugueses.” Mas, acredita que “não tenha sido um sacrifício em vão”.

O ex-ministro descreve o livro “O Governador”, do redator principal do Observador Luís Rosa, como “o testemunho de alguém que desempenhou um papel muito importante no nosso país durante dez anos, e é um testemunho que deve merecer a nossa atenção e respeito”. Quanto à interferência de política nas decisões do governador do Banco de Portugal que tanto tem dado que falar, Teixeira dos Santos diz que “o que está em causa é um telefonema entre duas pessoas”, do qual não foi testemunha. Mas afasta qualquer leitura conspirativa do livro que causou a polémica, para o qual foi, aliás, também entrevistado.

Na semana passada Teixeira dos Santos tinha admitido aos microfones da Rádio Observador, no programa Explicador, que Carlos Costa tinha sido alvo de muitas pressões.

Teixeira dos Santos admite “enormes pressões” sobre antigo governador do Banco de Portugal

Fernando Teixeira dos Santos é professor de Economia e Finanças, mas foi como ministro das Finanças nos dois governos de José Sócrates que ficou conhecido dos portugueses. Num deles acumulou ainda a pasta da Economia.

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