Os avisos de António Costa ao antigo governador do Banco de Portugal não terminam na história que envolveu Isabel dos Santos e o seu afastamento da gestão do BPI, e que foi revelada esta semana pelo Observador. Este sábado, a TVI revelou mais um capítulo da pressão feita por António Costa, em 2015, pouco tempo depois de ter sido nomeado secretário-geral do Partido Socialista, e que aconteceu durante a primeira reunião entre o atual primeiro-ministro e Carlos Costa. Desta vez, a pressão está relacionada com a nomeação de pessoas próximas do PS dentro do Banco de Portugal.

António Costa pressionou Carlos Costa para não retirar Isabel dos Santos do BIC

A história é contada no livro do jornalista Luís Rosa, “O Governador”, que é um testemunho de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal entre 2010 e 2020 e que será publicado na próxima semana. Num dos capítulos, Carlos Costa conta que, no primeiro encontro que teve com António Costa — um almoço na sede do Banco de Portugal –, o então líder da oposição levou três mensagens claras. Eram, aliás, três “problemas” que António Costa teria com Carlos Costa. Um deles era “a existência de um alegado preconceito quanto a nomear pessoas próximas ou militantes do PS, que eram quadros do Banco de Portugal”, lê-se no livro.

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E, aqui, António Costa decorria de um caso específico: a nomeação do diretor do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal. Mário Centeno concorreu e não foi selecionado, tendo sido, mais tarde, Isabel Horta Correia nomeada para o cargo, apesar de não ter sido candidata inicialmente. Segundo Carlos Costa, nenhum dos oito candidatos reunia as condições necessárias para assumir o cargo.

Os outros dois “problemas” que António Costa assumia nessa altura ter em relação a Carlos Costa decorriam da a “recondução de Carlos Costa, sobre a qual se queixava de ter sido informado em cima da hora” e “o facto de não ter considerado Mário Centeno para diretor do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal”, resume o mesmo livro.

O testemunho de Carlos Costa em relação às pressões de Isabel dos Santos já levou, aliás, António Costa a anunciar que pretendia avançar com um processo judicial contra o ex-governador do Banco de Portugal. De acordo com as declarações do antigo responsável da instituição, António Costa terá dito, a propósito da saída de Isabel dos Santos da administração do BIC, que “não se pode tratar mal a filha do Presidente de um país amigo de Portugal”.

António Costa vai processar o antigo governador do Banco de Portugal

Depois da publicação destas palavras, António Costa garantiu que vai processar o antigo governador do Banco de Portugal. “Foram proferidas pelo doutor Carlos Costa declarações que são ofensivas do meu bom nome, da minha honra e da minha consideração. Contactei o doutor Carlos Costa, ele não se retratou, nem pediu desculpas e, portanto, falei com o meu advogado, o doutor Manuel Magalhães e Silva”, no sentido de avançar com esse processo, confirmou António Costa, aos jornalistas, na chegada à reunião da comissão política nacional do PS, esta quinta-feira.

Já nesta manhã de segunda-feira o ex-ministro Teixeira dos Santos veio admitir à Rádio Observador que Carlos Costa era alvo de muitas pressões.

Teixeira dos Santos admite “enormes pressões” sobre antigo governador do Banco de Portugal