A OCDE está mais pessimista para a evolução da economia nacional em 2023. De acordo com as projeções atualizadas, o PIB no próximo ano deve crescer apenas 1%, o que revela uma revisão em baixa de 0,7 pontos face ao que apontou em junho e que já encerrava uma descida face à projeção anterior.
O menor crescimento no próximo ano vem, no entanto, acompanhado por uma subida na projeção para o crescimento deste ano, que atingirá, de acordo com a OCDE, 6,7% (contra os 5,4% que previa anteriormente). Em 2024, o crescimento poderá atingir os 1,4%.
O Governo vai apontando para um crescimento em 2023 de 1,3%, depois de um aumento do PIB este ano de 6,5%, que Fernando Medina já disse poder atingir 6,7% e aqui ficaria na mesma linha da OCDE.
Ou seja, a OCDE está mais otimista que o Governo para este ano, mas menos confiante para o próximo. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) explica estas suas projeções pela guerra na Ucrânia, disrupções ao nível das cadeias de abastecimento, elevados preços de energia e aumentos das taxas de juro. O PRR, acrescenta o organismo, “vai dar um impulso ao investimento público, mas há riscos de que os atrasos na sua implementação continuem“. Para a OCDE não há dúvida de que “a recuperação perdeu força”.
E é também menos otimista quanto à inflação, já que aponta para um índice de preços harmonizado de 6,6% em 2023, ainda assim menor que os 8,3% este ano — que a OCDE explica com os elevados preços dos produtos alimentares e da energia. O Governo acredita que a inflação do próximo ano vai abrandar mais do que a OCDE, já que aponta para uma taxa de 4%.
Os elevados preços Elevatedda energia e de matérias-primas estão a fazer subir os custos para as famílias e empresas “apesar das medidas de apoio na energia avaliadas em 1,6% do PIB em 2022”. As condições monetárias e financeiras estão, por outro lado, a ficar menos favoráveis, tornando-se mais penosas para os agentes económicos. O que vai conduzir a um enfraquecimento do consumo interno.
A política orçamental tornou-se, no entendimento, da OCDE mais “restritiva”, considerando a OCDE que a consolidação fiscal deve ser uma prioridade e haverá menos apoios em 2023 e 2024. Mais uma vez uma palavra para o PRR. “Assegurar uma implementação eficaz e atempada do PRR vai impulsionar a infraestrutura verde, a eficiência energética e a capacidade de geração de energia renovável, ajudando a travar o abrandamento em 2023”.
O défice ficará assim em 1,8% em 2022, segundo a OCDE, ou seja, abaixo da projeção do Governo de 1,9%. E para 2023, a OCDE aponta para um défice de 0,6%, também abaixo dos 0,9% das “contas certas” de Fernando Medina.
A dívida pública, na ótica de Maastricht, ficará nos 115,9% do PIB em 2022, descendo para 109,9% em 2023.
Portugal não foi dos que mais perderam poder de compra no mapa da UE (onde três países até ganharam)
No campo do mercado laboral, a OCDE aponta já para um aumento da taxa de desemprego que, nas suas contas, superará os 6,1% este ano (face à anterior projeção de 5,8%) e para em 2023 elevar mais um pouco para 6,4%. Ainda assim as taxas são consideradas pelo organismo “baixas” que aponta para um reforço dos salários, ainda que “não seja suficiente para proteger o poder de compra das famílias”.
A nível mundial, a OCDE aponta para um crescimento de 3,1% este ano e de 2,2% no próximo ano. E se a zona euro este ano crescerá 3,3% no próximo o crescimento vai ser de apenas 0,5%, ano em que a Alemanha terá uma contração do PIB de 0,3% de acordo com as projeções da OCDE. Espanha crescerá, em 2023, 1,3%. Também o Reino Unido deverá entrar am recessão em 2023, com uma queda de 0,4%.