Será no Salão Automóvel de Bruxelas, que abre portas a 13 de Janeiro, que a Mazda vai mostrar pela primeira vez o seu modelo eléctrico equipado com um extensor de autonomia, o MX-30 R-EV. Mais importante do que isso, pelo menos para os fãs da marca, este eléctrico vai permitir o regresso ao activo do motor a combustão preferido dos engenheiros da Mazda, o Wankel rotativo a gasolina destinado exclusivamente a recarregar a bateria.

Os eléctricos com extensor de autonomia não são propriamente uma novidade, apesar de há muito estarem retirados do mercado. Surgiram como forma de aumentar a autonomia numa época em que a rede de carregamento era ainda diminuta e as baterias eram consideradas demasiado caras, pesadas e grandes para proporcionar uma autonomia interessante, o que levou marcas como a BMW, no i3 REX (de range extender ou extensor de autonomia), e a Opel, no Ampera, a recorrer a motores de combustão para ultrapassar as reduzidas autonomias em modo eléctrico, de 190 km para o i3 REX e 80 km para o Ampera. Ambos os modelos foram abandonados, à medida que as baterias se tornaram mais eficientes.

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A Mazda apresentou o MX-30 em 2020, já com a promessa que este veículo eléctrico iria igualmente ser proposto com uma versão REX, em que o motor encarregue de accionar o gerador de corrente seria o Wankel. E a Mazda tem uma longa relação com este tipo de mecânica, uma vez que este motor rotativo deriva das unidades que equiparam modelos como o RX-3 (em 1971), o RX-7 (1978), o RX-8 (2002) ou até o Mazda 787B com que o construtor venceu as 24 Horas de Le Mans em 1991.

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MX-30. Vale a pena comprar o eléctrico da Mazda?

Apesar da paixão que a Mazda tem pelo Wankel, esta tecnologia é alemã e foi abandonada pela dificuldade em cumprir as normas de emissões, sobretudo pela sua tendência para queimar o óleo de lubrificação e consumir demasiado, especialmente nas transições de regime. Mas as dificuldades nunca assustaram os engenheiros da marca nipónica, que há décadas que investem para tentar ultrapassar as limitações desta tecnologia. Daí que tenham optado por trazer de volta o Wankel como REX, o que lhe permite trabalhar em regime constante, anulando os regimes de transição e, com eles, as constantes acelerações e desacelerações que elevam as emissões. Quanto ao consumo de óleo, devido à dificuldade em vedar correctamente as câmaras durante a combustão, os técnicos aparentemente conseguiram ultrapassar o problema. Veja como funciona o motor rotativo:

O Mazda MX-30 monta um motor com 145 cv (107 kW) e 272 Nm, alimentado por uma pequena bateria com uma capacidade total de 35,5 kWh, o que ajuda a explicar a autonomia de somente 200 km. Resta saber se o MX-30 R-EV vai manter esta bateria ou se a reduz, para compensar o peso (e o preço) do motor de combustão e do pequeno motor eléctrico que usa para gerar energia.