A vida do opositor do Kremlin Alexei Navalny pode estar em risco. Quem o diz é Leonid Volkov, um dos seus maiores aliados. A sobrevivência de Navalny, defende, pode estar dependente do valor que o opositor do presidente russo continuar a ter para Vladimir Putin.

A equipa do opositor russo pensava que Navalny, detido desde fevereiro de 2021, dispunha de alguma segurança. Acreditava que o líder russo não ia arriscar ver Navalny morrer na prisão porque o mundo acompanhava a sua história e seria certamente o primeiro a ser acusado. “O mundo estava a ver e ele estava de certa forma protegido”, resume Volkov. A situação mudou e, após quase dois anos numa prisão russa, a preocupação quanto à segurança de Navalny é cada vez maior.

Navalny diz ser visado por novas acusações passíveis de 30 anos de prisão

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Tenho de admitir que agora a situação é muito má, porque a comunicação com o mundo exterior está muito limitada. A sua saúde está em perigo e a sua condição física pode piorar”, afirmou em entrevista ao The Guardian. “Temos de continua a falar de Navalny”, sublinha.

A invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro, mudou a opinião de Volkov sobre a segurança de Navalny, provando que o líder russo não se preocupa com sanções nem com a reação internacional: “A nossa análise do quão louco Putin é estava, na realidade, errada”. No entanto, tem esperança de que se alguma vez Putin se voltar para negociações para acabar a guerra, Navalny possa vir a ser uma “moeda de troca”.

Putin não está, aparentemente, muito em contacto com a realidade, mas até ele se prepara para possíveis futuros cenários. Nestas circunstâncias, Navalny é uma possível moeda de troca. Isto também pode ser importante.”

Navalny, considerado um dos mais respeitados líderes da oposição ao Kremlin, foi detido na Rússia em fevereiro do ano passado, um mês depois de ter regressado da Alemanha, onde esteve a recuperar de uma tentativa de assassinato. Segundo o próprio, os serviços secretos russos (FSB) tentaram envenená-lo com o agente químico “Novichok”. Foi condenado a uma pena de nove anos de prisão pela justiça russa e há duas semanas que se encontra em confinamento na solitária, uma punição agora prolongada por tempo indeterminado.

O opositor de Putin não tem contacto com a família, apenas com os advogados, que transmitem as suas mensagens através de uma conta de Twitter. Inicialmente detido por fraude — uma acusação que considera fictícia — Navalny diz estar a ser alvo de novas acusações como “promoção do terrorismo”, “apelo ao extremismo”, “financiamento de atividades extremistas” e “reabilitação do nazismo”. Somando tudo, os advogados consideram que poderá enfrentar um total de 30 anos de prisão.