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O iate de Viktor Medvedchuk, político ucraniano próximo de Vladimir Putin e que, em setembro, foi libertado por Kiev como parte de uma troca de prisioneiros entre Kiev e Moscovo, vai ser leiloado na Croácia depois de ter sido arrestado pelas autoridades em abril deste ano.
De acordo com o The Guardian, a embarcação está avaliada em cerca de 200 milhões de dólares (cerca de 190 milhões de euros). De acordo com o governo ucraniano, a justiça croata decretou que os lucros da venda devem reverter para a Agência para a Recuperação e Gestão de Ativos da Ucrânia (Arma).
O iate de 90 metros, chamado “Royal Romance”, tinha sido arrestado pelas autoridades ucranianas em abril como parte de uma operação que tinha como alvo grande parte do património de Medvedchuk, avaliado em mais de 600 milhões de dólares (cerca de 569 milhões de euros). Na altura foram apreendidos mais de 154 ativos, entre entre imóveis, terrenos, carros e o referido iate.
Autoridades ucranianas arrestam mais de 50 casas e um iate a milionário amigo de Putin
A Arma, um ramo especial do governo de Kiev cuja função passa pelo “rastreio, localização e gestão de ativos de origem corrupta”, revelou que os seus agentes se deslocaram à Croácia para “inspecionar o iate arrestado, propriedade dos familiares de um deputado e líder de uma força política banida na Ucrânia”.
A Arma procurou o referido ativo dentro dos parâmetros dos procedimentos criminais e, subsequentemente, após decretar o arresto recebeu em sua posse o ativo com vista a preservar o seu valor, vendendo-o em leilão”, referiu a agência.
Recentemente a polícia croata efetuou buscas ao iate a pedido do FBI, de acordo com o jornal croata Jutarnji list. Na altura, um tribunal em Split deu o aval para o mandado de busca do Departamento de Justiça dos Estados Unidos a 15 de novembro, tendo a operação decorrido a 19 do mesmo mês. Ao jornal croata, o juiz terá afirmado que o mandado referia Viktor Medvedchuk e a sua mulher, Oksana Marchenko, em ligação com alegados esquemas de lavagem de dinheiro.
O milionário ucraniano de 68 anos é conhecido por ser um homem da confiança do Kremlin, e do próprio Presidente russo. Medvedchuk é amigo pessoal de Putin, e um dos homens mais próximos do seu círculo pessoal, sendo inclusive o padrinho de uma das filhas do líder russo.
A proximidade era tal que Medvedchuk seria inclusive a escolha de Putin para uma eventual sucessão a Volodymyr Zelensky. Político pró-Kremlin, era abertamente contra a NATO e a política ucraniana de aproximação ao Ocidente. Na sua conta pessoal no Twitter, o magnata acusava o governo de ouvir tudo o que Ocidente dizia, “estando sob controlo externo” e a ser alvo de uma “política de colonização”.
Em 2021 foi acusado de traição pelo Ministério Público da Ucrânia, por alegadamente incentivar a independência do Donbass e fazer parte de um esquema de financiamento dos líderes separatistas da região, com recurso a lucros obtidos através da exploração de recursos naturais na Crimeia. O seu partido acabou por ser extinto por Volodymyr Zelensky; o magnata ficou em prisão domiciliária com pulseira eletrónica até ao início da guerra, altura em que conseguiu fugir.
Os serviços de informação ucranianos acabaram por capturá-lo em abril após uma “operação especial”. Cinco meses depois, em setembro, Medvedchuk foi libertado numa troca de prisioneiros, que viu o Kremlin libertar mais de 200 soldados ucranianos — incluindo os comandantes de Azovstal, a central de Mariupol que durante semanas foi o último reduto ucraniano na cidade — bem como 10 cidadãos estrangeiros sob cativeiro russo.
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