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O 210.º dia de guerra ficou marcado por uma troca significativa de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia. No total, foram libertados 205 soldados ucranianos, dos quais 108 do Batalhão Azov, 55 militares russos e também Viktor Medvedchuk, ex-deputado e aliado de Putin. As negociações permitiram ainda libertar 10 prisioneiros estrangeiros que estavam sob cativeiro russo, alguns deles já condenados a pena de morte.

Os detalhes da operação foram divulgados pelo chefe de gabinete da Presidência da Ucrânia, Andrii Yermak, que revelou que durante o dia decorreram trocas de prisioneiros em vários locais.

“Isto é um sucesso tremendo”, escreveu Yermak no Twitter. “Estou agradecido a todos os envolvidos na operação (…). Parabenizo sinceramente o regresso dos nossos heróis a casa”, acrescentou.

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Entre os prisioneiros recuperados, estão comandantes e militares que defenderam o complexo de Azovstal, na cidade de Mariupol, e também mulheres militares grávidas.

Hoje temos 215 peças de boas notícias, 215!”, afirmou, por seu turno, Zelensky.

A troca foi, assim, confirmada pelo Presidente da Ucrânia, que garantiu que vão fazer todos os possíveis para libertar todos aqueles que ainda estão detidos. “Estamos a trazer os nossos cidadãos para casa. Isto é claramente uma vitória para o nosso estado, para toda a nossa sociedade e mais importante para as 215 famílias que vão poder ver os seus entes queridos em segurança”, disse Zelensky no discurso diário.

Ucrânia liberta Medvedchuk em troca de 200 soldados

Padrinho de uma das filhas de Putin, Viktor Medvedchuk era o homem que o líder russo queria ver como intermediário do Kremlin, uma vez que desempenhou vários cargos públicos em diversos governos ucranianos e chegou a ser  membro do parlamento.

Em 2021, era acusado pelo Ministério Público da Ucrânia de “traição ao mais alto nível”. Em causa estava o incentivo à independência do Donbass e um esquema que financiava os líderes das regiões separatistas através dos lucros obtidos pela exploração de recursos naturais na Crimeia. Acabou condenado a prisão domiciliária, mas após o início da guerra conseguiu fugir. Uma “operação especial” dos serviços de informação permitiu que o magnata fosse  detido em abril.

Quase cinco meses depois, Medvedchuk é agora libertado. Em troca, Moscovo cedeu a Kiev 200 soldados ucranianos. “Estávamos prontos a trocá-lo por pelo menos um dos defensores de Azovstal, mas afinal esse é o número de pessoas que conseguimos recuperar”, disse o Presidente ucraniano.

Zelensky disse ainda que “não é uma pena entregar Medvedchuk em troca de guerreiros reais”, uma vez que a a Ucrânia tem todo o material necessário para estabelecer a verdade no âmbito do seu processo penal.

Da amizade com Putin ao estatuto de traidor. Cinco coisas que tornam Viktor Medvedchuk o inimigo público nº.1 de Zelensky

Cinco comandantes de Azovstal “em segurança”. Vão ficar na Turquia até ao fim da guerra

Na troca entre Moscovo e Kiev, também foram libertados cinco comandantes que estiveram envolvidos na defesa do complexo de Azovstal, o último ponto de resistência em Mariupol antes das forças russas tomarem a cidade.

Comandantes de Mariupol foram libertados

Segundo Yermak, Denys Prokopenko “Redis”, Serhiy Volynskyi “Volyna”, Svyatoslav Palamar, Denys Shleha e Oleh Khomenko “já estão seguros”. A operação resultou de um acordo pessoal entre o Presidente ucraniano e o homólogo turco, Recep Tayyip Erdoğan, mas implicou condições.

Denis Prokopenko: o comandante da resistência em Mariupol que os russos querem capturar

Os cinco comandantes vão ficar na Turquia até ao fim da guerra na Ucrânia, que se prolonga há mais de seis meses. Vão ficar sob o protetorado pessoal do líder turco e em condições confortáveis, de acordo com Zelensky. Em troca, a Rússia recebeu 55 militares russos.

Cinco britânicos, dois norte-americanos entre os prisioneiros libertados pela Rússia

Dez prisioneiros de guerra estrangeiros também foram libertados e transferidos para a Arábia Saudita: cinco britânicos, dois norte-americanos, um marroquino, um sueco e um croata. A troca ocorreu por meio da mediação do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman.

A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, confirmou que a libertação de cidadãos do seu país. “Cinco cidadãos detidos pelas autoridades pró-russas na Ucrânia estão a regressar em segurança, colocando um fim a meses de incerteza e de sofrimento para eles e para as suas famílias”, anunciou.

O deputado Robert Jenrick disse entretanto que Aiden Aslin, de 28 anos, está entre os britânicos libertados. Capturado em Mariupol em maio enquanto lutava com as tropas ucranianas, slin tinha sido condenado à morte pelo tribunal da autoproclamada República Popular de Donetsk por “atividades mercenárias”. O tribunal aplicou a mesma sentença ao marroquino  Saaudun Brahim, um dos prisioneiros também incluídos na troca desta quarta-feira.

Soldado britânico, condenado à morte, filmado a cantar o hino russo dentro de uma cela

Os dois norte-americanos que regressam a casa são Alexander Drueke, de 39 anos, e Andy Tai Ngoc Huynh, de 27, disse à Reuters um representante da família. Os dois veteranos, que foram para a Ucrânia como voluntários, foram capturados pelas forças russas em junho nos arredores de Kharkiv. Drueke e Huynh também estiveram em risco de enfrentar a pena de morte.

Os governos croata e sueco confirmaram também a libertação dos seus cidadãos. “O cidadão sueco detido no Donetsk foi devolvido e está bem”, garantiu a ministra dos Negócios Estrangeiros Ann Linde, sem contudo revelar a identidade. O primeiro-ministro da Croácia, Andrej Plenković, disse que falou ao telefone com Vjekoslav Prebeg. Libertado esta quarta-feira deverá regressar à pátria na próxima terça-feira.