Eduardo Ferro Rodrigues apresentou esta quarta-feira uma compilação em livro dos discursos que proferiu enquanto presidente da Assembleia da República e descerrou o retrato oficial que incluía na imagem uma máscara e um frasco de álcool gel. No discurso de apresentação do livro, Ferro Rodrigues alertou para a forma como a corrupção contribui para o aumento do populismo.
Com o primeiro-ministro a assistir, muitos familiares e amigos “desde o tempo da Rua Gonçalves Crespo [a casa onde cresceu]”, Eduardo Ferro Rodrigues encerrou o capitulo Parlamento ao descerrar o retrato oficial feito pelo pintor Luís Guimarães. Na imagem, colocada ao lado da de Assunção Esteves — que apresentou o livro com os discursos –, Ferro Rodrigues surge sentado de mão no queixo, com gravata verde — uma exigência do próprio, já que é a cor do clube de que é adepto, o Sporting –, e numa mesa ao lado está representada uma máscara e um frasco de álcool-gel.
O ex-presidente da Assembleia da República conduziu os destinos do Parlamento durante o pico da pandemia da Covid-19 e foi até alvo de manifestações de grupos negacionistas. Esse período não ficou de fora do retrato oficial que ficará eternizado na galeria dos presidentes do Palácio de São Bento.
Momentos antes, na apresentação do livro “O Parlamento e os desafios da democracia”, que compila os discursos que proferiu enquanto segunda figura do Estado, Eduardo Ferro Rodrigues alertou para os riscos do populismo — uma constante dos discursos durante o tempo de presidência do Parlamento –, para avisar que questões como “o défice de transparência na distribuição de cargos é uma base forte para o crescimento dos populismos“, mas que “a corrupção só pode ser combatida em democracia”.
Numa intervenção sobretudo de caráter pessoal, com a mulher, os filhos e os netos a assistir e uma plateia recheada de amigos, Ferro Rodrigues enumerou os vários riscos que a democracia já viveu “mas que conseguiu sempre superar”.
Eduardo Ferro Rodrigues foi presidente da Assembleia da República entre 2015 e 2021, tendo a sua eleição representado o primeiro sinal público do acordo entre PS, PCP e Bloco de Esquerda. Para além de presidente do Parlamento, o antigo secretário geral do PS foi também líder parlamentar da bancada socialista, tendo sido eleito deputado em dez legislaturas.